domingo, 28 de dezembro de 2008

Quintanices II

"O encanto das viagens está na própria viagem: a partida e a chegada são meras interrupções num velho sonho atávico de nomadismo"

sábado, 27 de dezembro de 2008

É Quintana???

Muitas ocasiões apercebemo-nos da falta de espaço em nosso redor
É necessário alargar os horizontes
Quebrar os limites que nos delimitam os movimentos físicos
Ir para além das suas fronteiras
O ser humano precisa de espaço
Para respirar
Para existir.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

A sabedoria que eu procuro,

"O DIABO é que misturamos tudo, trocamos as bolas e desejamos que a vida seja uma coisa arrumada como as antigas farmácias homeopáticas, uma porção de vidrinhos rotulados para cada caso específico, "alium sativum" para os resfriados, extrato de beladona para os males hepáticos, tudo tem remédio e tudo vale a pena, mesmo que, ao contrário do poeta, a alma seja pequena. A realidade de cada ano, somada à realidade de todos os outros anos, destaca que o importante é a vida em si, a capacidade de sentir o sol sobre a pele, viver a esperança de cada manhã e a resignação de cada tarde. Se abrirmos o jornal, tomamos conhecimento da sordidez do mundo, na qual colaboramos de alguma forma, mas não da vida.
Nisso está a sabedoria e a paz: diferenciar o mundo, separando-o da vida. "

Carlos Heitor Cony

Quintanices...

Atravessar de um ano para o outro parece-nos uma espécie de corrida. Chega-se daquele jeito que bem sabemos, mas com uma careta de triunfo na face..."

Mario Quintana

Quem inventou essa Prosperidade?

Acho Cony um pouco desesperançoso, cético com tudo. Não recomendo a leitura dele sem uma outra literatura para balancear. mas o cara tá velho, viu de quase tudo nessa vida, não é bom ignora-lo, e aqui segue um trecho da sua crônica publicada no dia de hoje para a Folha de São Paulo.


"O ANO podia ter sido pior -aliás, tudo nesta vida e na outra podia ser pior.Sempre impliquei com o lugar-comum que obriga a humanidade a maldizer o ano que passou e a bajular o ano que chega, desejando-o próspero. A verdade é que todos os anos que já maldizemos, íntima ou publicamente, todos os anos que ficamos aflitos em vê-los para trás, todos esses anos - repito - foram prósperos no início e acabaram malditos, como os demais. Quem inventou essa prosperidade?"

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

O que é...

O que é o celular, ou o que são as relações humanas na pós-modernidade
por Zygmunt Bauman

Uma mensagem brilha na tela em busca de outra. Seus dedos estão sempre ocupados: você pressiona as teclas, digitando novos números para responder às chamadas ou compondo suas próprias mensagens. Você permanece conectado – mesmo estando em constante movimento, e ainda que os remetentes ou destinatários invisíveis das mensagens recebidas e enviadas também estejam em movimento, cada qual seguindo suas próprias trajetórias. Os celulares são para pessoas em movimento.

Você nunca perde de vista o seu celular. Sua roupa de jogging tem um bolso especial para ele, e você nunca sai com aquele bolso vazio, da mesma forma que não vai correr sem seu tênis. Na verdade, você não iria a nenhum lugar sem o celular ('nenhum lugar' é, afinal, o espaço sem um celular, com um celular fora de área ou sem bateria). Estando com seu celular, você nunca está fora ou longe. Encontra-se sempre dentro – mas jamais trancado em um lugar. Encasulado numa teia de chamadas e mensagens, você está invulnerável. As pessoas ao seu redor não podem rejeitá-lo e, mesmo que tentassem, nada do que realmente importa iria mudar.

Zygmunt Bauman,
Amor Liquido:
Sobre a fragilidade dos laços humanas, p. 78

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

De como as avós inventaram a civilização

A linguagem, a confecção de ferramentas e uma sofisticada capacidade cognitiva são características que distinguem os seres humanos de seus ancestrais primatas, porém é possível que nenhum desses traços teria evoluído não fosse o desenvolvimento de outro traço peculiar à raça humana: a menopausa.


De acordo com Lawrence Shaw, diretor do Centro de Fertilidade, Ginecologia e Genética London Bridge, a menopausa gerou as avós, e avós implicam em cuidado diário e nutrição extra para os exigentes bebês humanos.


O declínio na fertilidade, argumenta Shaw, é a verdadeira vantagem evolucionária da menopausa. Em sociedades primitivas, mulheres que não são mais capazes de ter filhos têm mais tempo para servirem de babá e saírem em busca de comida.


“A avó investe na segunda geração de sua própria linhagem. Nenhum outro primata, e certamente nenhum primata superior, demonstra essa consistência”.


Todos os outros primatas sofrem o que se chama dispêndio somático: são capazes de se reproduzirem até morrerem.


Lydia Fong, Why Do Grandmas Exist?



prosado no http://www.baciadasalmas.com/

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Sobre os atos morais de ontem...

"Os atos morais não estão no mesmo plano dos atos políticos. Eles não levam a um regime melhor, mas encarnam uma dimensão da existência que não é menos essencial. Tornam o individuo melhor e contribuem para a felicidade de todos e uma maneira finalmente mais positiva que apenas a eliminação das ameaças exteriores. Realizam aquilo que o melhor regime político apenas torna possível, mas nunca pode engendrar; um excedente de humanidade."


Em Face do Extremo Tzvetan Todorov
Livro em que o autor fala dos campos de concentração

Agora um video prosado no Pava

Vídeo de uma campanha feita no ano passado (2007), mas com uma mensagem sempre atual. Pior do que isso só mesmo a exigência de um bom comportamento feita por pessoas que dão exemplos como esses. Isso sim é preparar para o fracasso.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

“Esse mundo tem jeito sim!”

“Esse mundo tem jeito sim!” Penso eu algumas vezes.

Falo menos de um modo geral e literal e mais de uma maneira figurativa, quero mais dizer que as relações humanas podem, poderiam e deveriam ser melhores. Voltei a pensar nisso quando fui alvo da bondade de um desconhecido, coisa simples, mas importante para me fazer pensar em solidariedade e cuidado.

Corro em direção ao ponto de ônibus para tentar pegar o ônibus que já chegava ao ponto. Não ia chegar a tempo, mas esperava que alguém no ônibus descesse no ponto ou alguém do ponto desse sinal para entrar no ônibus, ai sim eu entraria no ônibus. Do ponto de ônibus um jovem de muleta dá sinal, o ônibus pára com a porta em frente a ele. Eu, esbaforido, chego à porta e me ofereço para ajudá-lo a subir, já que me observava na minha carreira até o ponto pensei que quisesse ajuda para subir no ônibus.

Então ele diz:

- "Não, Eu dei o sinal pra você, eu te vi correndo e apressado."

Já na escada do ônibus agradeci e com o ônibus em movimento pus a pensar que atos de solidariedade melhoram a vida e podem deixar mais harmoniosa as relações humanas.

O ato me fez lembrar o livro de Todorov “Em Face do Extremo” em que ele discursa sobre solidariedade e cuidado entre os prisioneiros dos campos de concentração. Amanhã postarei trechos do livro sobre a solidariedade.

O que é o pecado

O que é o pecado?

É muito importante compreender o que é o pecado.
O pecado não é, em primeiro lugar, transgressão da lei.
É isso, mas não em primeiro lugar.
Toda a Sagrada Escritura, e em especial os Evangelhos e as epístolas de São Paulo dizem-no muito claramente.

Pecar é virar as costas a Jesus, deixar de ter confiança n´Ele,
não acreditar nas suas promessas e na sua palavra,
duvidar da sua aliançae não continuar a alimentar-se da sua presença.
Pecar é desligarmo-nos da vida de Jesus,deixar de viver em comunhão com Ele,
recusar o seu corpo e o seu sangue,
rejeitar a sua palavra

É evidente que se vai então transgredir a lei,
transgredir todas as leis.

Jean Vanier, em “A Fonte das Lágrimas”.

Prosado em http://amandoaoproximo.blogspot.com

sábado, 15 de novembro de 2008

Sou Classe média

"" tô nem aqui" se morre gente ou tem enchente em Itaquera"

retrato da classe de merda, ops! classe média



prosado em Pavablog

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Escola do crime

ou o crime da sociedade

A PESQUISA SOBRE violência nas escolas públicas feita pela Udemo (Sindicato de Especialistas de Educação do Magistério Oficial do Estado de SP) de que falou ontem este caderno Cotidiano deveria ter feito pais, professores e administradores públicos passarem a noite em claro.

Os números são coisa de filme de terror. À pergunta "a escola sofreu algum tipo de violência em 2007?", 86% dos entrevistados responderam sim. Mais da metade das escolas já foi vítima de depredação, pichação ou dano a veículo de professor e, em 38% dos locais avaliados, houve registros de explosão de bombas.Brigas envolvendo agressão física entre estudantes ocorreram em 85% das instituições, e o desacato a mestres, funcionários ou à direção, em nada menos do que 88% das escolas. Ou seja, de cada dez escolas consultadas, pouco mais de uma parece estar conseguindo manter a ordem.

Não sou lá grande intérprete de estatísticas, mas se os números são realmente esses, a menos que os professores sejam todos uns chorões -o que não parece ser o caso-, é melhor declarar a falência do ensino público e lacrar de vez os portões de todas as escolas do Estado de SP.
A Secretaria Estadual da Educação classificou de "caso atípico" a ocorrência policial na escola Amadeu Amaral, no bairro do Belém, na zona leste, em que uma briga entre duas alunas serviu de estopim para o caos e a destruição da escola promovidos por 30 alunos.

Gostaria de saber o que pensam os mestres e funcionários de outras escolas públicas, obrigados a enfrentar as bestas-feras todos os dias, sobre a "atipicidade" do ocorrido.

A baderna que se viu na Amadeu Amaral é o tipo de insubordinação que se vê diariamente. E que simplesmente reflete o que acontece do lado de fora da instituição de ensino. A classe média não está minimamente interessada no assunto, mas a confusão foi promovida por jovens que se acostumaram a resolver contendas "no braço" com pais, professores, amigos e vizinhos.

Eles não são melhores nem piores do que os adolescentes que vieram antes deles. Apenas imitam o comportamento que vêem ao seu redor, tomando para si o mesmo código de sobrevivência que vigora em todas as comunidades carentes em que a lei não se faz presente. Acertar contas ameaçando "furar" ou "encher de pipôco" pode não ser ocorrência comum entre os freqüentadores dos shoppings centers, mas é conversa corriqueira nos bairros das periferias.

E não é papo exclusivo dos meninos, não. Todo mundo é obrigado a ser durão, quem piscar primeiro leva. É o faroeste, e ele está bem aí ao seu lado.Junte a isso pais que, mesmo tendo pouco, mimam sempre que lhes é dada a oportunidade, a figura paterna ausente, o comércio de drogas na porta de casa e a abundante oferta de armas de fogo, e você terá o ambiente que essa criançada encontra quando volta da escola.

Esperar que, diante da autoridade do professor, eles se transformem em cordeirinhos é não enxergar que temos em mãos uma geração que se perdeu. Mas, como a realidade é dura de enfrentar, melhor continuarmos a falar da ação da polícia na Amadeu Amaral, não é mesmo? A polícia, ao menos, já está acostumada a ser saco de pancada.

por Barbara Gancia Folha de São Paulo

Eu sempre digo em Off para para companheiros de trabalho... "Hoje o lamento é nosso, um dia ele estoura e se torna de toda a sociedade”

Não tem sistema carcerário que segure o que está por vir, a sociedade ainda vai pagar caro pelo descaso com a educação. Algumas salas de aulas são como bombas relógios que estão programadas, um dia ela estoura; é só uma questão de tempo. A visão é caótica.

É preciso penalizar os responsáveis pelas “bestas-feras” hoje. E é preciso dar um tratamento diferenciado para adolescentes infratores. Só transferir? Ele tem direito a educação, sim, mas antes de qualquer disciplina é preciso aprender a se relacionar a aprender a ser humano, a ter consciência de seus atos e a respeitar o outro.

Mundo Prosa: Pauta (nada) pedagógica: "uma escola pública da Periferia de São Paulo."

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Oscar Niemeyer

"A idade não é importante. O tempo não é importante. A arquitetura não é importante. O que nós criamos não é importante. Somos muito insignificantes. O que é importante é ser tranqüilo e otimista"

Oscar Niemeyer, em entrevista ao jornal britânico The Times

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Let the issues be the issue


Presidential candidates Barack Ussein Obama and John McCain had their ethnical traces exchanged in an anti-racist vote campaign.

Between the two candidates is the slogan: "Let the issues be the issue".
The posters were designed by Tor Myhren, who told the design website coolhunter.net that they were intended as a message to the public that they should cast their votes based on the candidates' policies and ignore their racial differences.

However, Mr Myhren's message may not have reached as many people as he'd intended. The posters have swiftly become collectors' items, with several having been removed from streetsides by passers-by.

http://www.thecoolhunter.net/


Os candidatos à presidência dos EUA Barack Hussein Obama e John McCain tiveram seus traços étnicos trocados neste poster de propaganda anti-racista, onde se lê a frase: "Let the issue be the issue", que pode ser traduzida por "Deixe que a questão crucial prevaleça". Ou seja, não se prenda pela etnia do candidato, mas por suas propostas.
Os cartazes foram desenhados por Tor Myhren, que disse ao site coolhunter.net que a intenção é transmitir aos eleitores a idéia de que devem votar com base nas idéias dos candidatos, e não em suas diferenças étnicas.
Todavia, a mensagem de Myhren poderá não chegar a tanta gente quanto ele pretendia, pois os cartazes estão sendo levados por passantes, como suvenires.


Bem prosado em De tudo, um pouco

sábado, 25 de outubro de 2008

E a Série A voltou à elite do futebol brasileiro

E a Série A voltou à elite do futebol brasileiro.

Ele é Baiano, é compositor, já foi ministro da Cultura. é Gilberto Gil cantando pra nóis CURINTIA...




copiado do Corinthiano Juca Kfouri

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Alice no País das Maravilhas

No romance Alice no País das Maravilhas do escritor Lewis Carroll encontramos o dialogo de Alice com o Gato.

Alice encontra um gato e pergunta:

"-Como posso sair daqui? "
O Gato responde:
"-Isso depende muito de para onde você quer ir."
Alice explica:
"-Não quero ir para lugar nenhum. Apenas, sair daqui."
O gato retruca:
"-Se você não vai para lugar nenhum, qualquer direção serve."

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Dizem que ela existe pra ajudar

Chamem o Ladrão!!!

Estratégia policial
Parabéns para a polícia de São Paulo que conseguiu a proeza de devolver uma refém para um sequestrador.

Prosado em Luiz Antonio Ryff

Mocinho x mocinho

Guerra de polícias nas ruas do Morumbi confirma:
São Paulo não precisa de bandido!
É mais um duro golpe no crime organizado.

prosado em Tutty Vasques

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Sobre Luiz Felipe Pondé...

A importância de um bom ateu nos dias de hoje...



"Opiniões de Ricardo Gondim (pastor protestante) e Jung Mo Sung (teólogo católico) sobre a fala de Luis Felipe Pondé (filósofo ateu)."

prosado em Zona da Reforma

Entusiasmo

conforme o nosso Aurélio

Entusiasmo: S.m. Na Antiguidade, exaltação ou arrebatamento extraordinário daqueles que estavam sob inspiração divina, como as sibilas, etc.; transe, transporte.”

“A palavra Entusiasmo vem de enthousiasmos (sopro divino em grego). Na Grécia Antiga, os gregos, além de panteístas, eram politeístas, isto é, acreditavam em muitos deuses Diz a lenda, que o deus Apolo se pronunciava através dos oráculos. A vidente de Delfos, ao dar os oráculos, sentia-se entusiasmada, isto é, com um deus dentro dela. E uma vez entusiasmada, ela era capaz de transformar a realidade e fazer coisas acontecerem, apesar das adversidades aparentes. Por isso os gregos iam a Delfos, para que – entusiasmado pela vidente fossem capazes de ter sucesso, apesar das adversidades.”

Do Livro O Poder do Entusiasmo e a Força da Paixão do Doutor Luiz Marins

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Velho amigo velho

“Não pode haver nada mais confortável neste mundo do que um amigo velho. Não tem surpresas conosco, mas também não espera de nós o que não podemos dar. Não se escandaliza com o que fazemos, não se irrita, ou se se irrita, é moderadamente”
Rachel de Queiroz, escritora

terça-feira, 7 de outubro de 2008

ACM Neto. perde a primeira

Numa entrevista no Jô Soares, vi esse projeto se gabando que a primeira eleição que ganhou foi quando era criança em um condomínio como síndico mirim. Dali em diante nunca entrou em eleição para perder. Domingo o sinhôzinho perdeu e Bahia ganhou!



E ele parece com um conhecido meu, bem simpático! só faltou uma corzinha...

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

terça-feira, 30 de setembro de 2008

E o que é essencial?

E o que é essencial? Para esta questão recorreremos a Mario Sérgio Cortella: “Essencial é tudo aquilo que você não pode deixar de ter: felicidade, amorosidade, lealdade, amizade, sexualidade, religiosidade. Fundamental é tudo aquilo que o ajuda a chegar ao essencial”

Mario Sérgio Cortella,

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Pauta (nada) pedagógica

Notas de uma reunião pedagógica em uma escola pública da Periferia de São Paulo.

Começa a reunião e o responsável pela organização da mesma anuncia que o traficante Pezão sumiu da área e perdeu as bocas de fumo da redondeza. Sem o Pezão no comando as drogas correm solta em lugares que nunca deveria ter entrado (e onde é que a droga deveria ter entrado, hein??? Me responda cidadão?!); por essa ausência de autoridade é que alunos-usuarios como noslined e iuhc* tomaram a liberdade de vender drogas na escola.

Uma sugestão para resolver esse problema é pedir ajuda para outros traficantes Mirão ou Serginho de áreas vizinhas para cuidar e botar ordem na área na ausência de Pezão, dizer pra eles que na Escola não é nada legal vender drogas, atrapalha o andamento das coisas e tal, presenteia eles também com a trilogia do O Poderoso Chefão, e manda um professor de história dar uma contextualizada, desenvolve para eles a idéia de que o Estado pode estar ausente, mas eles precisam garantir o mínimo de ordem dentro da desordem do Estado. Garanto que eles vão gostar. Mas a sugestão é abafada pela preocupação de acontecerem mortes na escola, por exemplo. Mirão e Serginho são da política linha dura. Já pensaram em corpos dentro de um ambiente pedagógico como forma de ensinar a nunca mais traficar na escola.

Ah! sobre Piaget, Freire não ouvir falar deles. Nem eles queriam estar presentes se estivessem vivos.

*Nomes fictícios pois alem de serem menores de idade, eu temo pela minha vida

Bicho de sete cabeças

"É preciso fingir, quem é que não fingi neste mundo? quem??? "



"é preciso fingir que é louco sendo louco."

terça-feira, 23 de setembro de 2008

as 48 leis do poder...

Um dia, em 1926, um homem alto e bem vestido foi visitar Al Capone, o mais temido gangster da sua época. Falando com um elegante sotaque continental, o homem se apresentou como conde Victor Lustig. Ele prometeu a Capone que, se lhe desse 50 mil dólares, seria capaz de duplicar essa quantia. Capone tinha fundo mais do que suficientes para cobrir o “investimento”, mas não o hábito de confiar grandes somas a estranhos. Ele examinou o conde, algo naquele homem era diferente – o seu estilo chique, seu modos, – e resolveu experimentar. Ele mesmo contou as notas e as entregou a Lustig. “Tudo Bem, conde” disse Capone. “Dobre isso em 60 dias, como disse.” Lustig saiu com os dólares, guardou-os num cofre em Chicago e foi para Nova York, onde tinha em andamento outros planos para ganhar dinheiro.


Os 50 mil dólares ficaram no cofre do banco intocados. Lustig não fez nada para duplicá-los. Dois meses depois, ele voltou a Chicago, pegou o dinheiro e foi novamente falar com Capone. Olhando os rostos impassíveis do seu guarda-costas, ele sorriu constrangido e disse, “Sinto muito, Sr. Capone, mas lamento lhe dizer que o plano falhou... eu falhei”.

Capone se ergueu devagar. Olhou para Lustig com ar ameaçador, pensando em que parte do rio o jogaria. Mas o conde colocou a mão no bolso do casaco, retirou os 50 mil dólares e os colocou sobre a mesa. “Aqui Senhor, o seu dinheiro, até o último centavo. Mais uma vez, minhas sinceras desculpas. É muito constrangedor. As coisas não funcionaram como pensei. Adoraria ter duplicado o dinheiro para o senhor e para mim – Deus sabe como eu precisava disso – mas o plano não se concretizou.”

Capone despencou na poltrona, confuso. “Sei que você é charlatão, conde”, disse Capone. “Soube no momento em que entrou aqui. Eu esperava os cem mil dólares ou nada. Mas isto... receber de volta o meu dinheiro... bem”. “Minhas desculpas, novamente, Sr. Capone” disse Lustig, pegando o chapéu e se preparando para sair. “Meu Deus! Você é honesto!”, Gritou Capone. “Se está em dificuldade, fique com cinco mil. para ajudar por enquanto.” Ele retirou cinqüenta notas de cem dólares do maço de 50 mil. O conde parecia atordoado, curvou-se profundamente, murmurou um agradecimento e saiu, levando o dinheiro.


Os cinco mil dólares era o que Lustig pretendia desde o inicio

Retirado do livro As 48 leis do Poder GREENE, 2000

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Amor Líquido:

Sobre a Fragilidade das Relações Humanas

Zygmunt Bauman

Diante do ritmo surpreendente das mudanças em praticamente todos os detalhes do ambiente em que vivemos, da aguda incerteza sobre a vida futura e curta – as expectativas de cada “projeto” em que estamos atualmente envolvidos –, precisamos muito de um ponto de referência estável e confiável que possa suportar as correntes transversais. E onde seria melhor procurá-lo do que em amigos leais sempre prontos a segurar nossas mãos, parcerias inquebrantáveis e uniões que durariam “até que a morte nos separe”? Por outro lado, no mesmo “mundo de fluxos” em que nada consegue manter sua forma por muito tempo, e preciso muita ousadia (e hesitação, e bater no peito e remorsos) para assumir compromissos de longo prazo e, assim, hipotecar futuras oportunidades das quais ainda não podemos saber, mas podemos ter certeza de que surgirão. Quanto mais próximo e um relacionamento, mais ele parece ao mesmo tempo uma promessa e uma ameaça. Não admira que uma “rede” possa parecer uma alternativa sedutora aos laços. Em uma rede, como você sabe, desligar-se é tão fácil quanto ligar-se.

domingo, 21 de setembro de 2008

Para Crêr: São Pio de Pietrelcina

"Se chegássemos a saber os méritos que obtemos pelas tentações sofridas com paciência e vencidas, quase exclamaríamos: Senhor, envia-nos tentações!"

São Pio de Pietrelcina

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Meus óculos?

- Cadê os seus óculos?!

Pergunta da doutora hoje de manhã quando terminei o exame de vista obrigatório para tirar o laudo médico a fim de exercer a função de professor.

- “Não tenho!” Respondi.

-“Pois é, Não tinha!”

Cinco dias depois de ter assistido “Ensaio sobre a Cegueira”, me encaminharam para o oftalmologista, mas só são as letrinhas das duas útimas fileiras que eu não enxergo. Continuo a caminhar sem guia e com um pouco de razão.

domingo, 14 de setembro de 2008

Jesus e a vontade de Deus

Logo após a nossa conversão – o encontro com Cristo ou a aceitação da mensagem da salvação, somos instados a 'estar na vontade de Deus'. Essa ênfase, apesar de em tese correta, carrega vícios e incompreensões perigosas, pelo excesso de religião e legalismo.

Primeiro que não existe o centro da vontade de Deus para a vida do cristão.

Em segundo lugar, que a vontade e o comportamento são resultantes de uma causa anterior na vida do cristão, e isso em si é recomendado, enfatizado e até ordenado por Jesus. Vou procurar assim ser simples, curto e muito objetivo.

Logo após a nossa conversão ou compromisso com o senhorio de Cristo, deveríamos – isso sim – ser impelidos de imediato a conhecer o significado de João 15, quando Jesus nos trata como ramos da videira, Ele mesmo sendo a própria e a verdadeira e o Pai sendo o agricultor. A figura central aqui é totalmente pertinente ao novo viver. No verso 5 temos mais uma chave: permanecer nele para que Ele permaneça em nós. E quando isso é verdadeiro, há muitos frutos. Ou seja, o ramo (galho, extensão) da árvore, dá sentido: faz fluir frutos.

Nos versos seguintes Jesus esclarece um pouco mais: "se pemanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes, e vos será concedido." Ou seja só haverá uma só sintonia entre o que se quer orar e pedir, se estivermos com Ele e somente se as Suas palavras estiverem também em nós.

Só de seguir do primeiro ao sétimo verso já 'desmascaramos' muito do que é o Cristianismo de gaveta. Utilizo aqui uma figura de linguagem corporativa. Quero dizer 'por gaveta' quando publicamente se transmite uma aparência de compromisso, como se este fosse definitivo, mas que é tão somente de fachada. A verdadeira agenda está escondida na gaveta – onde poucos a conhecem. Externa-se através da dissimulação o que se quer dar a entender, porém não é o que importa - pois o principal está escondido.

Só que temos mais desdobramentos no texto da videira verdadeira. "Meu Pai é glorificado nisto: em que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos." Pegando então o fio da meada: permanecer em Cristo, permanecer nas palavras, atuar na cumplicidade (conheço tão intimamente o Mestre, permaneço tão fortemente nEle e nas Suas palavras, que falamos a mesma língua naquilo que peço e oro, e que me é concedido). Essas ênfases são de mundo interior. E o que fazemos a partir daí é mundo exterior.

O ser discípulos é mundo interior, o dar frutos é mundo exterior. O permanecer nEle, na palavra, buscar a glória do Pai, orar (pedir e ser concedido) é mundo interior. E mundo interior é causa. Os frutos, as ações, o amor expresso – é mundo exterior. E mundo exterior é o efeito (a conseqüência).

Está aí objetivamente a vontade de Deus expressa: sermos discípulos. É isso que importa. Essa é a verdadeira agenda. Oito simples versos, que quando levados a sério, faz cair por terra a discussão do centro da vontade de Deus.

Façamos certo o princípio, o início da verdadeira agenda. Só de botar o pé nessa estrada, como discípulos, já estaremos garantindo uma boa e certeira caminhada cristã.

Volney Faustini
prosado em http://volneyf.blogspot.com/

LHC e o fim do mundo

O mundo não acabou!
Na madrugada de quarta-feira passada, o LHC, o gigantesco acelerador de partículas nos arredores de Genebra, na Suíça, passou por seu primeiro teste. Um feixe de prótons viajou em torno do anel de 27 km de circunferência a uma velocidade próxima à da luz, completando cerca de 11 mil voltas em um segundo.

Em alguns meses, quando o LHC estiver funcionando para valer, dois feixes de prótons correrão em sentidos opostos e colidirão de cabeça dentro de enormes detectores. Essas colisões terão energias jamais atingidas na Terra: apenas durante os primeiros instantes após o Big Bang, o venerável evento que deu origem ao cosmo, as partículas colidiam constantemente com tal energia. Por isso, o LHC é chamado de "máquina do Big Bang".

Toda nova tecnologia gera um misto de expectativa e medo, especialmente quando quebra novas barreiras do conhecimento, como é o caso do LHC. No século passado, o mesmo ocorreu antes do teste da primeira bomba atômica, no deserto de Álamo Gordo: cálculos indicavam que existia uma probabilidade mínima de a explosão rasgar a atmosfera, possivelmente acelerando a extinção da vida no nosso planeta. O teste veio, a explosão ocorreu, o mundo não acabou.

No caso do LHC, bem mais inofensivo, o medo vem da possibilidade de miniburacos negros serem gerados durante as colisões. Dada a reputação nefasta desses objetos astrofísicos, especulações pipocaram em blogs do mundo inteiro: será que esses buracos negros irão crescer e tragar a Terra inteira? Será que esses físicos finalmente conseguirão acabar conosco?

Vários processos foram abertos, tentando bloquear a operação do LHC. Felizmente, foram rejeitados por juízes que, se não conhecem a física, ao menos obtiveram boa consultoria a respeito. Como garante a equipe de segurança do próprio Cern, o laboratório onde fica o LHC, não há qualquer perigo de que algo assim ocorra (public.web.cern.ch/Public/en/LHC/Safety-en.html). Os miniburacos negros que podem ser produzidos no LHC evaporam em frações de segundo, sendo incapazes de qualquer efeito macroscópico. Na natureza, raios cósmicos também atingem energias altíssimas e podem, a princípio, produzi-los. Apesar de sermos constantemente bombardeados por raios cósmicos, ainda estamos aqui.

Mais interessante do que as supostas ameaças é a sociologia do experimento. Dezenas de países e milhares de cientistas do mundo inteiro contribuíram para a construção do LHC. A física de partículas experimental é hoje uma atividade internacional.

Os Estados Unidos, que dominarão a pesquisa nesse campo enquanto o LHC não estiver operando plenamente, entraram com mais de US$ 500 milhões no projeto. No total, o LHC custou em torno de US$ 8 bilhões. Seria trágico se nada muito extraordinário fosse encontrado. Existem várias previsões teóricas do que pode ser encontrado, algumas realistas e outras bem especulativas (como os miniburacos negros). Se apenas o mais "mundano" for visto, como o bóson de Higgs, a partícula que presumivelmente determina a massa de todas as outras partículas de matéria, o LHC terá servido para confirmar o que já era esperado. Mesmo que essa confirmação seja um feito espetacular, será como beber champanhe choco. A verdadeira missão do LHC é manter vivo um campo de pesquisa que, devido aos seus enormes custos, fica cada vez mais difícil de justificar ao público.

De minha parte, torço para que não só o Higgs seja descoberto como para que algo inesperado ocorra. Nada como uma boa surpresa para atiçar a curiosidade humana. E a natureza, sem dúvida, é cheia delas.

Marcelo Gleiser é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro "A Harmonia do Mundo"

Publicado hoje na folha de são paulo, caderno mais

Para Crêr: Salvador canta Montaña

Montaña, Salvador



quinta-feira, 11 de setembro de 2008

o mundo está pior???

sobre o noticiário eu penso que...

"Não foi o mundo que piorou, as coberturas jornalísticas é que melhoraram muito"

Gilbert Keith Chesterton — Inglês (1874-1936) — Romancista, poeta

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Maluf...O SHOWMAN

Se eleição fosse sabatina, Maluf ganhava todas no primeiro turno.

Na escola, ele já tirava 10 em prova oral de Biologia, sem saber absolutamente nada da matéria.
Um talento!

prosado em Tutty Vasques

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Oscar Wilde

“Vivemos numa época em que as pessoas são tão trabalhadoras que ficam estúpidas.”
Oscar Wilde

domingo, 31 de agosto de 2008

A sete palmos

Confesso que, a principio tinha uma resistência aos seriados norte americanos, até que um dia conheci os friends, depois fiquei vidrado com Lost e ansioso com a 5º temporada. Agora , com um atraso considerável conheci "A sete palmos". Achei interessante a idéia dos episódios terem como pano de fundo uma funerária, onde cada episódio começa com uma morte, e ao longo de cada episódio surgem questões filosóficas e religiosas.

A série me lembrou a parábola do filho pródigo. No primeiro episódio quem morre e é enterrado é o pai. Também neste episódio o filho mais velho, Nate, volta para a casa e o outro, David que viveu com o pai a vida toda não aceita a volta do irmão, e muito menos a decisão em testamento de dividir por igual a herança para os dois, o que aborrece muito o mais novo por não compreender a decisão do pai, a quem servia por tanto tempo...

A Esposa (a igreja?) tinha uma vida dupla, e demonstra uma certa dificuldade para compreender os dois filhos e a filha adolescente Claire com seus problemas existenciais. Mas aos poucos, e com iniciativas do filho que voltou para casa começa a compreender os filhos.

Os episódios que eu mais gostei da primeira temporada foram os episódios 9 Life.Is.Too.Short; que filosofa sobre o nosso curto tempo de vida. E um que fala sobre o amor incondicional de Deus. que me lembrou a leitura de um dos livros do Yancey quando ele comenta sobre um amigo que é Gay. David é o gay da série e freqüenta uma igreja católica, nesse episódio, um homossexual é morto e o fantasma do morto perturba David sobre a sua opção sexual com passagens bíblicas sobre o pecado do homossexualismo. Um outro episódio interessante também é o número 4 que fala sobre um membro de uma gang que foi morta, que também cita passagens do evangelho de João lembrando o amor de Deus.

Na segunda temporada que ia chatinha existe uma citação do C. S Lewis. que "filho pródigo" faz para uma viúva que lamenta a perda do marido: “Nunca ninguém me tinha dito que a dor se assemelhava tanto ao medo. in A Grief Observed. O episódio é o 6º da 2º temporada. Vale a pena conferir

Para Crêr: C. S Lewis

Há um sentido em que todos os agentes naturais, até mesmo os inanimados, glorificam a Deus continuamente, revelando os poderes que Ele lhes deu. E nesse sentido nós, como agentes naturais, fazemos o mesmo. Nesse nível, os nossos atos iníquos, no sentido em que eles exibem nossa perícia e força, pode dizer-se que glorificam a Deus, tanto quanto nossas boas ações. Uma peça musical executada com excelência, como operação natural que revela um grau alto dos poderes e habilidades dados ao homem, desta forma sempre glorifica a Deus, seja qual tenha sido a intenção dos executores.

CS Lewis

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Eu, o idiota

SÓ UMA vida examinada vale a pena ser vivida? Os gregos, pela boca platônica (na "Apologia"), acreditavam que sim. Mas os gregos acreditavam em mais: acreditavam que a vida pública era marca suprema da excelência. Os homens podem ocupar-se dos seus assuntos pessoais e privados. Mas a recusa em votar, em discursar, em interessar-se pelos assuntos da cidade, revelava não apenas egoísmo ou ignorância. Essa recusa cobria o abstencionista com um manto de imoralidade e infâmia. Os gregos, aliás, tinham uma palavra bem expressiva para essas tribos: "idiotai". Não é difícil imaginar a evolução da palavra nos tempos futuros.

Foi o cristianismo que quebrou esse "absolutismo democrático" ao introduzir um espaço íntimo, pessoal, intransmissível, palco da minha consciência. A Deus o que é de Deus, a César o que é de César. Ou, por outras palavras, um ser humano não se define, apenas, pela vontade em participar nos destinos da cidade terrestre. Existe uma relação fundamental, e talvez superior, com os mandamentos da cidade celeste. Involuntariamente, o cristianismo promovia a liberdade individual ao apresentar aos homens não apenas um caminho, mas dois: o caminho público e o caminho privado.

Exatamente como Maquiavel escreveria mais tarde, ao demonstrar a incomensurabilidade das virtudes clássicas e das virtudes cristãs. Maquiavel inaugurou a modernidade política ao expressar, como nenhum outro autor antes dele, a colisão entre essas duas visões distintas. Escusado será dizer que essa colisão continua bem viva na América Latina e, sobretudo, no Brasil. Razão simples: quando existe pleito eleitoral, o "voto obrigatório" volta a balançar sobre a pobre cabeça dos brasileiros. Nos últimos dias, e com amigos paulistanos em casa, as discussões foram fartas. E um deles, liberal em matéria de costumes (droga, aborto, eutanásia etc.), defendeu o "voto obrigatório" com argumentos de peso. Dizia ele que o "voto obrigatório" era necessário por motivos de educação política. É fácil defender o "voto facultativo" em democracias avançadas e consolidadas, como nos Estados Unidos e na Europa. Mas num país como o Brasil, em que a educação cívica é precária, a obrigatoriedade do voto exige que os cidadãos se interessem pelos assuntos públicos. O "voto facultativo" apenas conduziria ao desinteresse, à alienação e, no limite, à ruína das instituições democráticas.

O argumento não me convence. Para além das situações conhecidas em que o "voto obrigatório" permite a pressão e o suborno (os "votos de cabresto" de que falava Carlos Heitor Cony no último domingo), a idéia de que a obrigatoriedade é um mecanismo pedagógico revela um otimismo insensato. Pode ser um fator educativo, sim. Mas pode não ser: exigir que os cidadãos votem pode contribuir para que aumente uma certa náusea democrática.

E essa náusea é possível, e até provável, pela visão imoral que a sustenta: uma visão que, como na Grécia, entende que só a vida pública merece ser vivida. E que existe na participação política uma marca de excelência que não se encontra na vida privada.

A visão é retrógrada, no sentido preciso do termo. Porque é perfeitamente legítimo não votar, não discutir, não se interessar; é perfeitamente legítimo valorizar a vida privada acima de todas as outras; é perfeitamente legítimo repudiar a cidade e os seus representantes pela valorização de qualquer outra forma de existência. A liberdade pessoal não se define pelo destino que damos às nossas ações; ela começa por ser um espaço nosso, em que não existe a interferência intencional de terceiros. Um espaço no qual agimos, ou não agimos, como queremos e entendemos. O meu amigo concorda comigo até certo ponto, mas depois acrescenta que existe igualmente um problema de legitimidade: quando o voto é obrigatório, existe um reforço da legitimidade dos eleitos.Talvez sim. Ou talvez não. Pessoalmente, creio que a verdadeira legitimidade de qualquer eleito só existe quando o voto foi uma opção pessoal do eleitor, não uma exigência do sistema. A autonomia valoriza o ato. Mas também valoriza, como Kant relembra, as conseqüências do ato.

Os gregos admiravam a vida pública sobre qualquer outra. E reservavam o rótulo de "idiotas" para quem discordava. Não é grave, leitores, não é grave. Ontem, como hoje, melhor ser "idiota" do que escravo.



João Pereiria Coutinho na folha de São Paulo em 19 /08/2008

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Vista cansada

Acho que foi o Hemingway quem disse que olhava cada coisa à sua volta como se a visse pela última vez. Pela última ou pela primeira vez? Pela primeira vez foi outro escritor quem disse. Essa idéia de olhar pela última vez tem algo de deprimente. Olhar de despedida, de quem não crê que a vida continua, não admira que o Hemingway tenha acabado como acabou.

Se eu morrer, morre comigo um certo modo de ver, disse o poeta. Um poeta é só isto: um certo modo de ver. O diabo é que, de tanto ver, a gente banaliza o olhar. Vê não-vendo. Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver. Parece fácil, mas não é. O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade. O campo visual da nossa rotina é como um vazio.

Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta. Se alguém lhe perguntar o que é que você vê no seu caminho, você não sabe. De tanto ver, você não vê. Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio do seu escritório. Lá estava sempre, pontualíssimo, o mesmo porteiro. Dava-lhe bom-dia e às vezes lhe passava um recado ou uma correspondência. Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer.

Como era ele? Sua cara? Sua voz? Como se vestia? Não fazia a mínima idéia. Em 32 anos, nunca o viu. Para ser notado, o porteiro teve que morrer. Se um dia no seu lugar estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser também que ninguém desse por sua ausência. O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem. Mas há sempre o que ver. Gente, coisas, bichos. E vemos? Não, não vemos.

Uma criança vê o que o adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de fato, ninguém vê. Há pai que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher, isso existe às pampas. Nossos olhos se gastam no dia-a-dia, opacos. É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença.

Otto Lara Resende

domingo, 17 de agosto de 2008

Parta Crêr: Premissas

Premissas

Deus não basta para a felicidade humana. Pessoas precisam de Deus. Pessoas precisam de pessoas. São dois lados da mesma moeda. "Pessoas precisam de pessoas para serem pessoas", como bem disse Augustine Shutte. Não poderia ser diferente. Um Deus plural, que é perfeito na perfeita unidade entre iguais, ao criar um ser à sua imagem e semelhança, deveria criar um ser cuja perfeição fosse possível, somente e necessariamente, numa unidade entre iguais. E Deus não é igual ao homem. Por essa razão, Deus não é suficiente para a plena realização humana.

Ed Rene Kivitiz

Um pequeno trecho do livro Vivendo com propósitos. Um livro que é uma resposta cristã para o sentido da vida.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Eu desconfiava...

Como disse alguém não há nada de novo debaixo do sol...

Com vocês Carlos Drummond o meu poeta preferido...

Igual-desigual

Eu desconfiava:
todas as histórias em quadrinho são iguais.
Todos os filmes norte-americanos são iguais.
Todos os filmes de todos os países são iguais.
Todos os best-sellers são iguais.
Todos os campeonatos nacionais e internacionais de futebol são iguais.

Todos os partidos políticos são iguais.
Todas as mulheres que andam na moda são iguais.
Todas as experiências de sexosão iguais.
Todos os sonetos, gazéis, virelais, sextinas e rondós são iguais e todos, todos os poemas em versos livres são enfadonhamente iguais.

Todas as guerras do mundo são iguais.
Todas as fomes são iguais.
Todos os amores, iguais iguais iguais.
Iguais todos os rompimentos.
A morte é igualíssima.
Todas as criações da natureza são iguais.
Todas as ações, cruéis, piedosas ou indiferentes, são iguais.
Contudo, o homem não é igual a nenhum outro homem, bicho ou coisa.
Não é igual a nada.
Todo ser humano é um estranho ímpar.

Carlos drummond de Andrade

Hipótese

Hipótese
E se Deus é canhoto
e criou com a mão esquerda?
Isso explica, talvez, as coisas deste mundo.

Carlos Drumond de Andrade

domingo, 10 de agosto de 2008

Para Crêr : QUEM É JESUS?

Citações

O historiador Philip Schaff disse:
A examinarmos a perfeita humanidade de Jesus, constatamos a sua perfeita divindade. O Rei dos reis era verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus. Jesus Cristo era uma Pessoa com duas naturezas distintas: a divina e a humana. Como homem pleno, Ele se identificou com a nossa humanidade, como Deus, Ele é o nosso salvador.
Segundo as palavras de
John A. W. Haas: Cristo não foi um homem que ousou ser Deus, mas Deus que se dignou ser homem.

C.S.Lewis, um ex-agnóstico, escreveu:
"Estou aqui tentando evitar que alguém diga aquela grande tolice que freqüentemente se diz a respeito dEle: ‘Estou pronto a aceitar Jesus como um grande mestre de ensinos éticos, mas não aceito a afirmação que fez de que era Deus’. Isso é o que não devemos dizer. Um homem que fosse simples homem e dissesse o tipo de coisas que Jesus disse não seria um grande mestre de ensinos éticos. Seria um lunático... ou, então, seria o diabo vindo do inferno. Você precisa tomar uma decisão. Ou esse homem era o filho de Deus, ou, então era um louco ou algo pior. O Senhor Jesus afirmou claramente ser Deus. Não encontramos quaisquer outras opções. "

C.S.Lewis acrescenta:
Você pode fazê-lo se calar, se tomá-lo por um tolo; você pode cuspir nEle e matá-lo, tendo-o por um demônio; ou você pode cair a Seus pés e chamá-lo de Senhor e Deus. Mas que ninguém apareça com algum tipo de insensatez paternalista, afirmando que Ele foi um grande mestre humano. Ele não deixou conosco a responsabilidade de decidir a respeito. Não pretendeu fazê-lo.

Citações de um texto do

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

terça-feira, 5 de agosto de 2008

O homem de cabeça de papelão

127 anos atrás em 1881, nascia o escritor, cronista e jornalista João do Rio


Autor, dentre outros, do excelente conto "O homem de cabeça de papelão."

http://www.releituras.com/joaodorio_homem.asp

Como crianças

Digo-lhes a verdade: quem não receber o reino de Deus como uma criança nunca entrará nele (Mc 10.15).

Filmes infantis invadem as telas dos cinemas todos os anos fazendo com que pais levem os seus filhos aos cinemas. No entanto, na sessão desses filmes é possível perceber a presença de adultos desacompanhados de crianças. Filmes infantis não têm um publico fiel só entre crianças, mas também entre adultos. A verdade é que muitos desses filmes encantam qualquer pessoa que tenha bom senso. São filmes que na maioria das vezes trazem uma simples mensagem de moral e alguns com princípios cristãos, além dos personagens serem muito engraçados.

Esses filmes são atraentes para as crianças, pois dialogam mais facilmente com o mundo infantil delas onde tudo pode acontecer como num antigo programa educativo Mundo da Lua do personagem Lucas Silva e Silva. Aos adultos os filmes são interessantes por ocuparem as crianças ou mesmo por nos distraírem por alguns momentos. Dessa forma o mesmo filme é visto de forma diferente por adultos e por crianças.

As crianças também se aproximaram de Jesus e quiseram ficar próximo dele, mostrando que também tiveram uma relação diferente da dos adultos com Jesus. Pudera! Aquele homem fizera cinco pães e dois peixes se transformarem num montão de comida e ainda andava por cima das águas e curava os doentes sem precisar de remédios. Tocar nas vestes Jesus, subir em seu colo, tapar os seus olhos e perguntar a Deus “Quem é?” devia ser o máximo. As crianças ficaram encantadas com a presença de Deus, e ainda hoje esse encantamento e fascínio por parte delas podem ser percebidos em crianças que tenham aprendido algo sobre a pessoa de Jesus. Jesus é Deus com quem as crianças podem se divertir e usarem a imaginação sem serem censuradas. Só crianças para ficarem fascinadas com Jesus e agirem de forma simples sem máscaras e sem medo diante de quem tudo sabe. Para elas não existiam dúvidas de que o centro atenções devia ser Jesus, é a Ele que se entregavam de toda a confiança, coração e imaginação; é essa a entrega que é preciso para entramos no reino de Deus.

Tornar a ser criança é fazer uma entrega total a Deus inclusive da nossa imaginação.

Laércio Miranda

Texto baseado em cima da leitura de Marcos 10. 13-16
Publicado no Pão Diário 11.
http://www.transmundial.com.br/

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Paulo Freire:

Terminei de Ler a Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire. Agora é dar um tempo com outras leituras e só depois partir para o Pedagogia da Esperança.

Alguns trechos

"Raros são os camponeses que, ao serem “promovidos” a capatazes, não se tornam mais duros opressores de seus antigos companheiros do que o patrão mesmo. Poder-se-á dizer – e com razão – que isto se deve ao fato de que a situação concreta, vigente, de opressão, não foi transformada. E que, nessa hipótese, o capataz, para assegurar seu posto, tem de encarnar, com mais dureza ainda, a dureza do patrão. "



“o grande problema está em como poderão os oprimidos, que ‘hospedam’ o opressor em si, participar da elaboração, como seres duplos, inautênticos, da pedagogia de sua libertação. Somente na medida em que se descubram ‘hospedeiros’ do opressor poderão contribuir para o partejamento de sua pedagogia libertadora”

“há, por outro lado, em certo momento da experiência existencial dos oprimidos, uma irresistível atração pelo opressor. Pelos seus padrões de vida. Participar desses padrões constitui uma incontida aspiração. Na sua alienação querem, a todo custo, parecer com o opressor”


“Até o momento em que os oprimidos não tomem consciência das razões de seu estado de opressão 'aceitam' fatalisticamente a sua exploração. Mais ainda, possivelmente assumam posições passivas, alheadas com relação à necessidade de sua própria luta pela conquista da liberdade e de sua afirmação no mundo.”

Paulo Freire A Pedagogia do Oprimido

Sobre blogueiros e bloguistas...

Franka discorda

Sou uma defensora dos blogs. Foi o que disse hoje no Estadão, numa matéria sobre blogs e literatura. O repórter me ligou essa semana. Era uma matéria pra o caderno Cultura de hoje.
Não entendo porque esse assunto incomoda tanto e porque tem tanta matéria a respeito. Ora, pra mim é muito simples. Escritor é quem escreve bem. Não importa onde. Se um escritor é bom e eu gosto de lê-lo, vou lê-lo num livro, num jornal, num folheto, num blog, num site, num papel de pão. Será que importa tanto o "onde"?. Eu sou blogueira e que tenho o maior orgulho disso. Muitas das outras pessoas entrevistadas na matéria ficam naquela lenga-lenga, batendo a cabeça aqui e ali discutindo se blog é ou não é literatura. Putis, pra quê? Pra mim é.

Então, na matéria, quando ele falou de mim e colocou minhas opiniões, disse: "... discorda Lúcia Carvalho, do blog Frankamente... ". "Discorda Lúcia", ele disse. Uau. Fui a do-contra da matéria. Hahaha. É que muita gente implica e acha que blog é "meu-diário", propaganda pessoal da pessoa, lugar sem leitor, espaço pra se exibir, literatura menor, blá, blá, blá. Mas como eu poderia ser diferente? Comecei dentro de um blog e não se abandona quem nos criou. O meu blog é a minha nave-mãe. Disse a ele que gosto muito, mas muito mesmo de escrever em blogs, e que o que torna uma pessoa um escritor é ter leitores, não importa em que mídia ou gênero literário. E assim como tudo na vida, os que tem talento vingam. Óbvio que blogs chatos vão afundar. Se você tem talento e um bom produto - o que na internet, pra mim, é escrever textos rápidos e curtos (eu expliquei que aprendi que leitura de blogs é sempre rápida, muita gente lê durante o dia, no meio do trabalho, mas ele não entendeu...) - porque não teria leitores? E porque esses leitores, só porque lêem seus textos em um blog, não lêem... literatura? Quem inventou a regra que diz que, se você é escritor, tem que necessariamente publicar em um livro? Aliás, tem uma coisa interessante. Não dá pra publicar um romance num blog, eu penso. Romance a gente lê em livros. E a literatura de um blog é o post.

Olha. Sou blogueira e quero ser blogueira sim, mesmo discordando dentro do Estadão. Na verdade, numa conversa ontem com um amigo, ele me disse que eu deveria era querer ser "bloguista".

- Bloguista, Peri?

- É. Acho que os blogueiros profissionais devem ser chamados de bloguistas. É como a diferença entre motoqueiros e motociclistas, jornaleiros e jornalistas. Pra mim existem os blogueiros e o bloguistas, Lúcia. Ser um bloguista que tem que ser a meta dos bons blogueiros.
Verdade.

Eu, a Franka, uma futura bloguista se-Deus-quiser, concordo plenamente com ele.

prosado em http://frankamente.blogspot.com/

Epístola aos Blogueiros:

Epístola aos Blogueiros
Nunca invejei Santo Agostinho pela sua salvação. Não conseguiria repeti-lo. Guarda-se a impressão de que ele quis se livrar da danação no ombro do Pai. Olhando de perto, ele foi mais corajoso do que conformista. Antecipou o inferno. Não esperou para sofrer na outra dimensão. Pagou à vista o inferno. Converter não é encontrar Deus, é encontrar o inferno.

Blog é prova de resistência. Um big brother ao avesso dos gêneros literários. Em vez de ser conhecido, corresponde a mergulho no anonimato. Distinto da noção do senso comum de que se trata de um lugar para aparecer. O resultado final (a possível badalação de um endereço virtual) não expõe a realidade. Os exibidos foram antes tímidos, os extrovertidos foram antes introvertidos. É a mais dolorida experiência editorial. O mais severo teste vocacional. Uma ferramenta do diabo, capaz de sugar sua vida ou sua aspiração.

Indica a fronteira entre o amador e o escritor, entre o diletante e o renitente, entre o curioso e quem não consegue se afastar da compulsão narrativa. O amador cansará nos primeiros meses. Vai deduzir que não vale a pena o trabalho, que ninguém lê. Uma tortura postar textos durante três meses e não receber nenhum comentário. São os 40 dias do deserto, com as tentações sobrevoando o teclado. "Então Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo demônio e, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, teve fome" (Evangelho de Mateus, capítulo 4, versículo 1).

Você pensou que aquilo seria a glória instantânea. Caprichou na redação, no humor e nas perspectivas singulares de captura do cotidiano. Mas o único que entra no site é você. Chega a esbarrar consigo entre tantos acessos e atualizações. Uma miragem. Cada texto é um quarto vago. Procura contornar o drama. Manda um aviso de postagens para os amigos; manda um aviso de postagens para os desconhecidos, catando endereços aleatórios. Nada mais o separa de um Spam. Recebe avisos ásperos: "não o conheço" ou "favor me excluir da lista". A humilhação não começou. O desespero o obriga a fazer atos impensáveis: entrar de computadores diversos para fazer com que o contador se mexa de alguma forma. Assim como um atacante chuta a bola para as redes alheio à marcação do impedimento. Para se livrar do azar. Ainda que esteja quebrando uma das regras básicas do jogo e leve um cartão amarelo. Não há nem juiz para lhe dar cartão amarelo.

Percebe que lançou um texto com um erro gravíssimo de português. Estava na rua quando lembrou a indecisão ortográfica, longe de qualquer terminal. Corre para uma lan house, consome seu suspiro sem sentir o gosto, arruma e conclui que tampouco alguém reparou.

Decide escrever qualquer coisa que continuará sendo qualquer coisa. O isolamento do blog produz alucinações. O contador de visitas parece uma bomba-relógio: anda para trás. Mas tortura é quando finalmente recebe um comentário. Alegria aflita para abrir a janela, quem será? quem será?, descobre que partiu do pai ou da mãe, solidário com sua desgraça.

Sua personalidade passará a se dividir, e não multiplicar como desejava. Sede de laranjas. Laranjas! Sem pudor, cria pseudônimos para deixar comentários (o blog, pelo menos, obriga que seja seu próprio leitor). Diverte-se no sofrimento ao inventar formas de agradecimento pelos textos. Não economiza elogios ao estilo. Estará perto da internação quando se convence de que aqueles comentários não são seus e ainda responde aos e-mails falsos. Hora do soro!

Escrever na rede é uma tentativa de suicídio, chamar atenção dos outros para a nossa carência. Um aviso escandaloso da nossa fragilidade. Pensando bem: publicar é um suicídio frustrado. Quando o ímpeto de sair da vida é usado para entender a própria vida e as dificuldades enfrentadas pelos demais autores.

Uma das virtudes do blog é sua provação. Agüentar os contratempos no osso. Ver que não é um elogio que o fará continuar, muito menos uma crítica que o fará desistir. Que nascer para a letra é amar a insuficiência. O escritor se sucede progressivamente. Melhora. Estar sozinho é ainda estar povoado. Povoado por dentro. Pelos personagens, pelas histórias familiares, pela observação aprofundada dos seus arredores. Só quem foi fantasma um dia poderá alimentar seus fantasmas. Procura-se um reconhecimento externo e encontra-se algo mais preciso: a afirmação pessoal na persistência. Procura-se lá fora o que já se tinha. Como diz Santo Agostinho: "Tarde Vos amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde Vos amei! Eis que habitáveis dentro de mim."

O esforço de sair da solidão ajuda curiosamente a fortalecê-la. Compreende que não escreve para completar um diário, ou para repetir sua história, se fosse assim não contaria com assunto para atualização semanal, mesmo que desfrutasse uma trajetória acidentada e heróica como a de Hemingway. Escreve para duvidar e se banhar na luminosidade da confusão biográfica.

Um texto postado é como um texto impresso. Mais fácil para localizar os erros, os tropeços, formar distanciamento. Confere uma maioridade na escrita, reforça uma postura profissional de jardinar e cuidar do verbo, de alterar a prosa e a poesia em nome da transparência e da fluidez. Há a formação gradual de uma assinatura, transmitindo uma visão de ser responsável por aquilo que se diz, de assumir honestamente as dívidas da boca. Organiza-se o rascunho, que é bem mais duro do que redigi-lo.

Não é fácil a rotina da blogosfera. Terá que superar vários fins, várias negativas, várias mortes. Superar a expectativa de fama pelo prazer do texto. Por isso, o prazer necessita ser mais forte do que a dor. O masoquista é o que gosta mais do sofrimento do que da carícia. O blogueiro é o que esquece a ferida pela alegria. A diferença entre guardar o inédito no blog e na gaveta: o blog é uma gaveta aberta.

Fabrício Carpinejar,
em O Estado de S.Paulo.

prosado em pavablog

Segunda Versão: O Tibete não é tudo isso - SLAVOJ ZIZEK

E se aqueles que se preocupam com a falta de democracia na China estiverem na realidade preocupados com o desenvolvimento acelerado do país?

As notícias publicadas em toda a mídia nos impõem uma imagem determinada que é mais ou menos como segue. A República Popular da China, que, nos idos de 1949, ocupou ilegalmente o Tibete, durante décadas promoveu a destruição brutal e sistemática não apenas da religião tibetana, mas também da própria identidade dos tibetanos como povo livre. Os protestos recentes do povo tibetano contra a ocupação chinesa foram novamente sufocados com força policial e militar bruta.Como a China está organizando os Jogos Olímpicos de 2008, é dever de todos nós que amamos a democracia e a liberdade pressionarmos a China para devolver aos tibetanos aquilo que ela lhes roubou; não se pode permitir que um país que possui um histórico tão deficiente em matéria de direitos humanos passe uma mão de cal sobre sua imagem com a ajuda do nobre espetáculo olímpico.O que farão nossos governos? Vão ceder ao pragmatismo econômico, como de costume, ou encontrarão a força necessária para colocar nossos mais elevados valores éticos e políticos acima dos interesses econômicos de curto prazo?Embora a atividade chinesa no Tibete sem dúvida tenha incluído muitos atos de destruição e terror assassino, existem muitos aspectos dela que destoam dessa imagem simplista de “mocinhos versus vilões”.Enumero, a seguir, nove pontos a serem mantidos em mente por qualquer pessoa que faça um julgamento sobre os fatos recentes no Tibete.

Poder protetor
1) Não é fato que até 1949 o Tibete era um país independente, que então foi repentinamente ocupado pela China. A história das relações entre eles é longa e complexa, e em muitos momentos a China exerceu o papel de poder protetor. O próprio termo “dalai-lama” é testemunho dessa interação: reúne o “dalai” (oceano) mongol e o “bla-ma” tibetano.

2) Antes de 1949, o Tibete não era nenhum Xangri-Lá, mas um país dotado de feudalismo extremamente rígido, miséria (a expectativa média de vida pouco passava dos 30 anos), corrupção endêmica e guerras civis (sendo que a última, entre duas facções monásticas, ocorreu em 1948, quando o Exército Vermelho já batia às portas do país).
Por temer a insatisfação social e a desintegração, a elite governante proibia o desenvolvimento de qualquer tipo de indústria, de modo que cada pedaço de metal usado tinha que ser importado da Índia.Mas isso não impedia a elite de enviar seus filhos para estudar em escolas britânicas na Índia e transferir seus ativos financeiros a bancos britânicos, também na Índia.

3) A Revolução Cultural que devastou os mosteiros tibetanos na década de 1960 não foi simplesmente “importada” dos chineses: na época da Revolução Cultural, menos de cem guardas vermelhos foram ao Tibete, de modo que as turbas de jovens que queimaram mosteiros foram compostas quase exclusivamente de tibetanos.

4) No início dos anos 1950, começou um longo, sistemático e substancial envolvimento da CIA na incitação de distúrbios anti-China no Tibete, de modo que o receio chinês de tentativas externas de desestabilizar o Tibete não era, de modo algum, “irracional”.

5) Como demonstram as imagens veiculadas pela TV, o que está acontecendo agora nas regiões tibetanas já não é mais um protesto “espiritual” pacífico de monges (como o que aconteceu em Mianmar um ano atrás), mas (também) bandos de pessoas matando imigrantes chineses comuns e incendiando suas lojas. Logo, devemos avaliar os protestos tibetanos segundo os mesmos critérios com os quais julgamos outras manifestações violentas: se tibetanos podem atacar imigrantes chineses em seu próprio país, por que os palestinos não podem fazer o mesmo com colonos israelenses na Cisjordânia?

6) É fato que a China fez grandes investimentos no desenvolvimento econômico do Tibete e em sua infra-estrutura, educação, saúde etc. Para explicar em termos simples: apesar de toda a opressão inegável, nunca, em toda sua história, os tibetanos medianos desfrutaram de um padrão de vida comparável ao que têm hoje.

7) Nos últimos anos, a China vem mudando sua estratégia no Tibete: a religião despida de política hoje é tolerada e mesmo apoiada. Mais do que na pura e simples coação militar.Em suma, o que escondem as imagens veiculadas pela mídia de soldados e policiais chineses brutais espalhando o terror entre monges budistas é a muito mais eficaz transformação socioeconômica em estilo americano: dentro de uma ou duas décadas, os tibetanos estarão reduzidos à situação dos indígenas americanos nos EUA.

Parece que os comunistas chineses finalmente entenderam a lição: de que vale o poder opressor de polícias secretas, campos e guardas vermelhos destruindo monumentos antigos, comparado ao poder do capitalismo sem freios, quando se trata de enfraquecer todas as relações sociais tradicionais?

Ideologia “new age”

8) Uma das principais razões por que tantas pessoas no Ocidente tomam parte nos protestos contra a China é de natureza ideológica: o budismo tibetano, habilmente propagado pelo dalai-lama, é um dos pontos de referência da espiritualidade hedonista “new age”, que está rapidamente se convertendo na forma predominante de ideologia nos dias atuais.Nosso fascínio pelo Tibete o converte numa entidade mítica sobre a qual projetamos nossos sonhos. Assim, quando as pessoas lamentam a perda do autêntico modo de vida tibetano, não estão, na verdade, preocupadas com os tibetanos reais.

O que querem dos tibetanos é que sejam autenticamente espirituais por nós, em lugar de nós mesmos o sermos, para continuarmos a jogar nosso desvairado jogo consumista.
O filósofo francês Gilles Deleuze [1925-75] escreveu: “Se você está preso no sonho de outro, está perdido”. Os manifestantes que protestam contra a China estão certos quando contestam o lema olímpico de Pequim, “Um mundo, um sonho”, propondo em lugar disso “um mundo, muitos sonhos”.Mas eles devem tomar consciência de que estão prendendo os tibetanos em seu próprio sonho, que é apenas um entre muitos outros.

9) Para concluir, a dimensão realmente nefasta do que vem acontecendo hoje na China está em outra parte. Diante da atual explosão do capitalismo na China, os analistas freqüentemente indagam quando vai se impor a democracia política, o acompanhamento político “natural” do capitalismo.Essa questão com freqüência assume a forma de outra pergunta: até que ponto o desenvolvimento chinês teria sido mais rápido se fosse acompanhado de democracia política?

Mas será que isso é verdade?Numa entrevista há cerca de dois anos, [o sociólogo] Ralf Dahrendorf vinculou a crescente desconfiança com que a democracia vem sendo vista nos países pós-comunistas do Leste Europeu ao fato de que, após cada mudança revolucionária, a estrada que conduz à nova prosperidade passa por um “vale de lágrimas”.Ou seja, após o colapso do socialismo não se pode passar diretamente para a abundância de uma economia de mercado bem-sucedida: o sistema socialista limitado, porém real, de bem-estar e segurança precisou ser desmontado, e esses primeiros passos são necessariamente dolorosos.

Vale de lágrimas

O mesmo se aplica à Europa Ocidental, onde a passagem do Estado de Bem-Estar Social para a nova economia global envolve renúncias dolorosas, menos segurança e menos atendimento social garantido.

Para Dahrendorf, o problema é resumido pelo fato de que essa dolorosa passagem pelo “vale de lágrimas” dura mais tempo que o período médio entre eleições (democráticas), de modo que é grande a tentação de adiar as transformações difíceis, optando por ganhos eleitorais de curto prazo. Não surpreende que os países mais bem-sucedidos do Terceiro Mundo, em termos econômicos (Taiwan, Coréia do Sul, Chile), tenham adotado a democracia plena só após um período de governo autoritário.

Esse raciocínio não seria o melhor argumento em defesa do caminho chinês em direção ao capitalismo, em oposição à via seguida pela Rússia? Seguindo o caminho percorrido pelo Chile e a Coréia do Sul, os chineses usaram o poder irrestrito do Estado autoritário para controlar os custos sociais da passagem para o capitalismo, desse modo evitando o caos.Em suma, uma combinação esdrúxula de capitalismo e governo comunista, longe de ser uma anomalia ridícula, mostrou ser uma bênção (nem sequer) disfarçada: a China se desenvolveu na velocidade em que o fez não apesar do governo comunista autoritário, mas devido a ele.E se aqueles que se preocupam com a falta de democracia na China estiverem na realidade preocupados com o desenvolvimento acelerado da China, que faz dela a próxima superpotência global, ameaçando a primazia do Ocidente?

Há mesmo um outro paradoxo em ação aqui: e se a prometida segunda etapa democrática que vem após o vale de lágrimas autoritário nunca chegar?É isso, possivelmente, que é tão perturbador na China de hoje: a idéia de que seu capitalismo autoritário talvez não seja apenas um resquício de nosso passado, a repetição do processo de acúmulo capitalista que se desenrolou na Europa entre os séculos 16 e 18, mas sim um sinal do futuro.E se “a combinação agressiva entre o chicote asiático e o mercado acionário europeu” se mostrar economicamente mais eficiente que nosso capitalismo liberal? E se ela assinalar que a democracia, tal como a conhecemos, não é mais condição e motor do desenvolvimento econômico, e sim um obstáculo a ele?

Fonte: Folha

SLAVOJ ZIZEK é filósofo esloveno e autor de “Um Mapa da Ideologia” (Contraponto). Ele escreve na seção “Autores”, do Mais! . Tradução de Clara Allain .

domingo, 3 de agosto de 2008

Para Crêr: I Need Hero - Chris Rice

Sobre a necessidade de termos um Herói



Was I the only one to notice
That human nature doesn’t work that way
They tell me if I look deep inside me
That I can find my own way
I only find a rebel and a fool there
Who won’t admit that he’s afraidI thought I
was holdin’ on to freedom
But locked my soul up in chains

I need a hero
Who’ll dare to find me
Fly to my rescue
And crash through the wall
Announce my freedom
Bring me to my senses
Gather me into his strong arms
And carry me off. . . to safety

What is this talk about a Savior?
Well, does He listen, is He even there?
And should I be asking him directly?
But why should He consider my prayer?
Well, I don’t quite know how to do this
But Jesus, I can’t save myself
So here I go calling out for mercy
And crying out for Your help
(So if you hear me…)

I need a hero
Please dare to find me
Fly to my rescue
And crash through the wall
Announce my freedom
Bring me to my senses
Gather me into
Your strong arms
And carry me off

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

VOCÊ É UM SAFADO!!!

o safado se foi...

Segue o video de um safado e do saudoso Leonel Brizola.

Agosto...

A história do Mês de Agosto

(...)
É curioso como até o nosso calendário, agora chamado de comum ou gregoriano (por ter sido reorganizado pelo papa Gregório 13, em 1582), é afetado pela arrogância daqueles que pretendem garantir fugazmente a imortalidade e se apegam à "glória do mundo". Até o século 8º a.C., o ano do mundo romano da Antiguidade -do qual herdamos essas medidas- tinha apenas dez meses e se iniciava em 1º de março ("martius"), depois vinham "aprilis", "maius", "iunius" e, a partir daí, foram usados numerais (de cinco a dez) para denominar os meses seguintes ("quinctilis", "sextilis", "september", "october", "november" e "december").
No século seguinte, para acertar mais a fixação da contagem com o tempo de duração da volta da Terra em torno do Sol, os romanos introduziram mais dois meses ("januarius" e "februarius"), que ficaram para o final. Só no século 1º a.C. o ditador Júlio César fez nova reordenação, passando janeiro e fevereiro para o início e mantendo 12 meses (o que confunde até hoje muitos, que não entendem por que chamamos de sete/mbro ao mês que numeramos com nove e de dez/embro àquele que é o número 12).

No entanto, como Júlio César, nascido no mês "quinctilis", foi assassinado, Marco Antônio, general romano e seguidor daquele, por compor o Segundo Triunvirato (com Otávio e Lépido), decidiu homenagear o líder e trocou o nome do antigo quinto mês para "julius", mantendo os 31 dias que esse comportava. Porém a luta pelo poder veio à tona, e, a pretexto de proteger a honra familiar ofendida (pois Marco Antônio abandonara o antes conveniente casamento com Otávia, irmã de Otávio, e desposara Cleópatra, firmando-se como senhor do mundo oriental), a guerra foi declarada. Vencido, Antônio cometeu suicídio.

A alteração no calendário e no império não acaba aí, é claro. Com a destituição de Lépido e, depois, a derrota de Marco Antônio, o outrora Otávio (também chamado Otaviano), em janeiro de 31 a.C., recebeu do Senado o título de Augusto e, mais adiante, foi sagrado o primeiro imperador de Roma e, por fim Grande Pontífice.O imperador entendeu não ser adequado para alguém "do porte dele" não ser também homenageado com um nome no ano e não teve dúvidas em alterar o sexto mês, antigo "sextilis", para "augustus", criando o nosso atual agosto. Mas não ficou contente; "sextilis", seguindo a lógica de alternância dos meses com 30/ 31 dias (exceto fevereiro, pela sua posição mais anterior de último do ano, quando se fazia o acerto final da translação), sucedia a "julius" (grande, nos seus 31) e, desse modo, tinha duração de 30 dias. Sem problema, a lógica foi quebrada: ordenou que "seu" mês não fosse inferiorizado e passasse a ter também 31 dias.

Quase ninguém mais liga agosto ao outrora Augusto e, menos ainda, lembra que julho/agosto são os únicos consecutivos com o mesmo número de dias em memória do poderoso imperador. Os meses passam, o tempo com ele, e, afinal, como sabiamente escreveu o mineiro Ari Barroso há pouco mais de meio século na perene canção "Risque", "creia, toda quimera se esfuma, como a brancura da espuma que se desmancha na areia...".

Retirado do livro
Não espere pelo epitáfio... Provocações filosóficas
Mario Sérgio Cortella

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Humor, humor e humor...

Improvável - Só Perguntas



http://www.improvavel.com.br/

Não nascemos prontos...

O sempre surpreendente Guimarães Rosa dizia: “o animal satisfeito dorme”. Por trás dessa aparente obviedade está um dos mais fundos alertas contra o risco de cairmos na monotonia existencial, na redundância afetiva e na indigência intelectual. O que o escritor tão bem percebeu é que a condição humana perde substância e energia vital, toda vez que se sente plenamente confortável com a maneira como as coisas já estão, rendendo-se à sedução do repouso e imobilizando-se na acomodação.

A advertência é preciosa: não esquecer que a satisfação conclui, encerra, termina; a satisfação não deixa margem para a continuidade, para o prosseguimento, para a persistência, para o desdobramento. A satisfação acalma, limita, amortece. Por isso, quando alguém diz “fiquei muito satisfeito com você” ou “estou muito satisfeita com teu trabalho”, é assustador. O que se quer dizer com isso? Que nada mais de mim se deseja? Que o ponto atual é meu limite e, portanto, minha possibilidade? Que de mim nada mais além se pode esperar? Que está bom como está? Assim seria apavorante; passaria a idéia de que desse jeito já basta. Ora, o agradável é quando alguém diz “teu trabalho (ou carinho, ou comida, ou aula, ou texto, ou música, etc.) é bom, fiquei muito insatisfeito e, portanto, quero mais, quero continuar, quero conhecer outras coisas”.

Um bom filme não é exatamente aquele que, quando termina, ficamos insatisfeitos, parados, olhando, quietos, para a tela, enquanto passam os letreiros, desejando que não cesse? Um bom livro não é aquele que, quando encerramos a leitura, o deixamos um pouco apoiado no colo, absortos e distantes, pensando que não poderia terminar? Uma boa festa, um bom jogo, um bom passeio, uma boa cerimônia não é aquela que queremos que se prolongue?

Com a vida de cada um e de cada uma também tem de ser assim; afinal de contas, não nascemos prontos e acabados. Ainda bem, pois estar satisfeito consigo mesmo é considerar-se terminado e constrangido ao possível da condição do momento.

Quando crianças (só as crianças?), muitas vezes, diante da tensão provocada por algum desafio que exigia esforço (estudar, treinar, emagrecer, etc.), ficávamos preocupados e irritados, sonhando e pensando: por que a gente já não nasce pronto, sabendo todas as coisas? Bela e ingênua perspectiva. É fundamental não nascermos sabendo e nem prontos; o ser que nasce sabendo não terá novidades, só reiterações. Somos seres de insatisfação e precisamos ter nisso alguma dose de ambição; todavia, ambição é diferente de ganância, dado que o ambicioso quer mais e melhor, enquanto que o ganancioso quer só para si próprio.

Nascer sabendo é uma limitação porque obriga a apenas repetir e nunca a criar, inovar, refazer, modificar. Quanto mais se nasce pronto, mais refém do que já se sabe e, portanto, do passado; aprender sempre é o que mais impede que nos tornemos prisioneiros de situações que, por serem inéditas, não saberíamos enfrentar. Diante dessa realidade, é absurdo acreditar na idéia de que uma pessoa, quanto mais vive, mais velha fica; para que alguém quanto mais vivesse, mais velho ficasse, teria de ter nascido pronto e ir se gastando...

Isso não ocorre com gente, e sim com fogão, sapato, geladeira. Gente não nasce pronta e vai se gastando; gente nasce não-pronta, e vai se fazendo. Eu, no ano 2000, sou a minha mais nova edição (revista e, às vezes, um pouco ampliada); o mais velho de mim (se é o tempo a medida) está no meu passado e não no presente.

Demora um pouco para entender tudo isso; aliás, como falou o mesmo Guimarães, “não convém fazer escândalo de começo; só aos poucos é que o escuro é claro”.
Por Mario Sergio Cortella

Do Livro Não nascemos prontos! Provocações filosóficas

domingo, 27 de julho de 2008

Para Crêr: uma oração de Obama



Uma oração do virtual candidato democrata à Presidencia dos EUA. É eleitoreira, sim! Nenhum candidato perderia essa oportunidade de deixar uma oração, como a dele, no muro de lamentações. No papel que vem impresso The King David, ele escreveu :

"Senhor, proteja minha família e eu. Perdoe meus pecados, e me proteja do orgulho e do desespero. Dê-me sabedoria para fazer o que é certo e justo, e faça-me um instrumento de sua vontade".
Barack Obama


A folha com as marcas de ter sido dobrada foi publicada pelo jornal Maariv. A oração lembra alguns versos de salmos escrito pelo Rei Davi. Por se dirigir ao Deus de Abraão, Isac, Jacó e Davi, merecem ser lembradas.

"Senhor, proteja minha família e eu. Perdoe meus pecados, e me proteja do orgulho e do desespero. Dê-me sabedoria para fazer o que é certo e justo, e faça-me um instrumento de sua vontade".
Laércio Miranda

sexta-feira, 25 de julho de 2008

To be idiot or not to be idiot, that's the question

"É melhor calar-se e deixar que as pessoas pensem que você é um idiota do quer falar e acabar com a dúvida"
Abraham Lincoln

quarta-feira, 23 de julho de 2008

O lance não é entender, é compreender.

"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."

Clarice Lispector

Limitado é entender, compreender também não tem fronteira, a única fronteira a ultrapassar no compreender somos nós mesmos.

Memórias de Marguerite...

Quando se gosta da vida, gosta-se do passado, porque ele é o presente tal como sobreviveu na memória humana.

Próximos ao momento no qual, pela datação cristã, finda este século, mais do que lamentar algum tempo que já se foi ou inebriar-se pela sedução de um futuro incerto, é sempre bom recordar o afago de Marguerite Yourcenar (1903-1987) ao escrever que, “quando se gosta da vida, gosta-se do passado, porque ele é o presente tal como sobreviveu na memória humana”.

A romancista e dramaturga francesa (nascida, porém, em Bruxelas, quando o século 20 tinha apenas três anos!) fez poesias (“O Jardim das Quimeras”), reinterpretando os mitos do nosso longínquo passado grego, e produziu sua mais famosa obra, “Memórias de Adriano”, quando o século chegava ao meio; morreu aos 84 anos, por pouco não alcançando o final do mesmo século com o qual quase nascera.

Qual passado não pode estar presente nas seculares memórias de Marguerite? Nos poucos 13 anos que faltaram para ela atingir o final do século 20, o que Marguerite não viu? Não viu o massacre de estudantes em uma praça de Pequim (que, por distúrbio semântico ou ironia mística, é chamada de Paz Celestial) nem a invasão do Panamá (em uma operação alcunhada de Causa Justa), ordenada por um presidente norte-americano que, agora, irá à posse do filho para o mesmo cargo; não viu o Brasil latinamente estrear o impeachment presidencial.

Não viu a queda do Muro de Berlim e a posterior reunificação das Alemanhas; não viu, também, o começo da reaproximação das Coréias e, mais recentemente, a lamentável retomada dos confrontos entre israelenses e palestinos, apenas sete anos após a assinatura do acordo de paz, que culminou com a entrega do Nobel para os signatários Iasser Arafat, Shimon Peres e Yitzhak Rabin (assassinado por um jovem judeu em Tel Aviv há cinco anos).

Não viu o desmantelamento da União Soviética, com o fim do começo da necessária utopia socialista; não viu o papa João Paulo 2º visitar Cuba a convite do próprio Fidel Castro (participante contrito de uma espetacular missa em Havana) nem o fechamento definitivo da usina nuclear de Tchernobil.

Não viu a Guerra do Golfo, quando, autorizado pela ONU, o Ocidente fez um ataque maciço e inclemente contra as forças de Saddam Hussein para recuperar os campos de petróleo de um Kuait submetido a uma invasão iraquiana; não viu uma sangrenta e aterrorizante Guerra da Bósnia, entre sérvios, croatas e bósnios, o mais longo conflito bélico na Europa depois da Segunda Guerra Mundial e que, por não envolver a avidez do petróleo, permitiu que as grandes nações acompanhassem sem intervir de fato.

Não viu a emocionante eleição de Nelson Mandela (depois de quase 28 anos na prisão) para presidir a África do Sul no primeiro governo após o término formal do apartheid; não viu José Saramago receber o Nobel de Literatura, inédito para um escritor de língua portuguesa, nem alguns ideais nazistas ressurgirem em determinados focos na Europa, que, criando uma União Européia, lançou uma moeda única.

Nas suas parciais memórias, Marguerite não viu a ovelha Dolly nem se assustou com os desdobramentos possíveis da clonagem; não falou a partir de um celular nem navegou na Internet; não ingeriu alimentos geneticamente modificados; não ouviu música em um CD; não presenciou a regularização (em alguns países) da eutanásia e da união civil entre pessoas do mesmo sexo; não acompanhou a sonda em Marte (com hipótese de outras formas de vida) e não chorou a morte de Antonio Carlos Jobim, Frank Sinatra e madre Teresa de Calcutá.

Esses “presentes”, tal como sobreviveram na memória humana, poderiam ser outros; dependem, sempre, do ponto de vista de quem lembra.

Por isso precisa ficar memorável a idéia do contemporâneo William Faulkner: “Ontem só acabará amanhã, e amanhã começou há dez mil anos...”.

Mario Sergio Cortella, Retirado do livro Não nascemos Prontos! Provocações filosóficas

terça-feira, 22 de julho de 2008

Ana Carolina e Seu Jorge- É isso Ai

"É isso ai
Há quem acredite em milagres
há quem cometa maldades
há quem não saiba dizer a verdade.
É isso ai
Um vendedor de flores
ensina seus filhos a escolher seus amores...




Mafalda e a cartografia do nosso mundo.

A cartografia do mundo desenvolvido

Além de transmitir informações a respeito de lugares existentes em nosso planeta, sejam elas financeiras, econômicas ou culturais, em vários momentos da história as projeções cartográficas serviram também como instrumentos político-ideológicos ao serem utilizadas para disseminar um determinado ponto de vista a respeito do mundo. Um exemplo disso são os mapas-múndi que tradicionalmente apresentam a linha do Equador e o Meridiano de Greenwich centralizados na representação da superfície do planeta e nos quais a Europa aparece no “centro” do Mundo.

Essa visão chamada de visão eurocêntrica esta presente também no fato de as projeções serem elaboradas com o norte na parte superior e utilizadas como forma de transmitir a idéia de superioridade dos povos europeus em relação a outras civilizações. Tal visão possui um poder de convencimento tão forte que pode levar muitas pessoas a entenderem como um “erro” o fato de se usar o mapa com o Sul posicionado na parte superior, ou seja, de usar o planisfério “invertido” ou de “cabeça pra baixo”.

Somente no século XX é que alguns cartógrafos resolveram romper com essa dominante do mundo, ou seja, a partir de países ricos e industrializados no hemisfério Norte.

Retirado do livro Geografia Espaço e vivencia