sábado, 26 de abril de 2008

o que tenho lido



1808: Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História do Brasil.

O autor, Laurentino Gomes, é jornalista, que tece elogios na introdução para a doutora em história, com qual tive o prazer de assistir aulas, Maria Odila.
O livro dá um panorama geral do que era a Europa de 1800 e o que era o Brasil que recebeu o Rei Dom João VI. Na leitura se descobre um país em formação para resolver um problema comercial dos europeus. Não nascemos pra nós, não nos formamos pra nós. Somos e fomos a solução de muitos problemas mundiais, mas não resolvemos os nossos problemas da nossa própria miséria. A tragédia da dengue e da violência carioca hoje encontra raízes na cidade que abrigou um rei e toda a pompa a custa de negros e mais negros que trabalhavam e formavam a riqueza de uma elite branca. Uma ótima leitura

trecho: Quando a corte portuguesa chegou ao Brasil, navios negreiros vindo da costa da África despejavam no Mercado Valongo entre 18.000 e 22.000 homens, mulheres e crianças por ano. Permaneciam em quarentena para serem engordados e tratados das doenças. Quando adquiriam aparência mais saudável, eram comercializados da mesma maneira como hoje boiadeiros e pecuaristas negociam animais de corte no interior do Brasil. A diferença é que em 1808, a “mercadoria” destinava-se a alimentar as minas de ouro e diamante, os engenhos de açúcar e as lavouras de algodão, café, tabaco e outras culturas que sustentavam a economia brasileira. p 239

sexta-feira, 25 de abril de 2008

A palavra é...Madrasta

Coluna de Sérgio Rodrigues sobre a palavra madrasta, um ótimo site pra quem está cansado da mesmice e falta de criatividade do jornalismo.

A palavra é...Madrasta

A palavra madrasta está envolta em conotações negativas há tanto tempo que, pode-se argumentar, alguma elas devem ter aprontado. Além dos contos de fada, com Cinderela puxando a fila, ditos populares são testemunhas da antiguidade do problema. Rafael Bluteau, em seu dicionário do início do século 18, registrava os seguintes adágios portugueses: “Madrasta e enteada sempre andam em baralha” (isto é, em conflito, em joguinhos de intrigas); e o genialmente sucinto “Madrasta, o nome lhe basta”.

Bastará mesmo? Será que o sentido negativo já estava lá no momento da criação da palavra? Madrasta saiu do latim popular matrasta, de significado idêntico: a nova mulher do pai. Trata-se de uma das derivadas de mater, vinda por sua vez da imemorial raiz indo-européia matr-, ancestral tanto do sânscrito mata quanto do inglês mother. A idéia de mater, mãe, matriz, é tão vital na língua que aparece embutida em lugares inesperados – na matéria, por exemplo, ou na madeira. Mas a madrasta, afinal, tem ou não tem um lado escuro desde sua formação?

A maioria dos filólogos lava as mãos, mas Antenor Nascentes, nome clássico da etimologia brasileira, aposta que sim: segundo ele, a palavra latina nasceu como um “despectivo” – forma depreciativa, pejorativa – de mater. Para Nascentes, portanto, nada tem de fortuito o posterior surgimento, em português, da acepção de madrasta como “aquilo que, em vez de proteger, maltrata”, geralmente usada para qualificar a sorte, o destino.

Apesar de tudo isso, a madrasta má também é um estereótipo grosseiro e injusto, é claro. Em nossa época politicamente correta, está em curso um louvável trabalho para aliviar o termo de sua carga negativa. Qualquer que seja o resultado do julgamento a que deve ser submetida, Anna Carolina Jatobá já atrasou esse trabalho em pelo menos cinqüenta anos.

Publicado na “Revista da Semana”.

domingo, 20 de abril de 2008

"A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida".

Dois escritores portugueses me fazem ter orgulho de ter nascido em terras onde se fala a última Flor do Lácio, cada um a seu modo. O primeiro é o nosso querido Fernando Pessoa que nos deixou pérolas em seu “Livro do desassossego” de heterônimo Bernardo Soares. Dando uma olhadela nessa obra encontrei a frase acima que me fez lembrar o nosso contemporâneo José Saramago. Em fins de 2002 querendo fugir um pouco da loucura de vestibulares abri o Ensaio sobre a Cegueira (que vai virar filme nas mãos de Fernando Meirelles) para ignorar aquela correria de provas e de fim de ano. Foi a mais agradável maneira de ignorar aquela loucura de vida.

quinta-feira, 3 de abril de 2008