sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Napoleão Bonaparte e as constituições



Termino de ler a curta biografia de Napoleão de Thierry Lentz da editora Unesp. Impulsionado pelas leituras sobre a vinda da Cora Portuguesa que fugiu de Napoleão. Por vezes, parece estar lendo a vida de um personagem do nosso tempo, e próximo territorialmente de nós. Como o trecho em que descreve que uma mulher pergunta o que há na constituição e tem a seguinte resposta: “Há Bonaparte”.

Talvez essa cena tenha sido vivida dias atrás, primeiro com Morales na promulgação de sua constituição. Sim, “há Morales na constituição” e com Hugo Chavez na comemoração de seus 10 anos de poder. Sim, há Chavez na Constituição.

A situação com Bonaparte, se refere a primeira constituição utilizada como “ferramenta de governo” e por ele promulgada quando ainda tinha trinta anos. Na ocasião Bonaparte deveria governar como primeiro cônsul por 10 anos deixando o governo para outros após esse período. Se no papel a constituição parecia respeitar os princípios revolucionários de 1789 (colegiado executivo, preparação da lei por órgãos representativos, sufrágio universal) na pratica se via os poderes nas mãos de Napoleão o primeiro cônsul, que fez com que 10 anos depois continuasse no poder com pequenas reformas na Constituição. Napoleão enquanto cônsul sacrificou a vida de muitos de seus representantes para se firmar cada vez mais no poder e pelo desejo de querer mais e mais.

Um homem decidido sim! Conhecedor de se tempo admirador da história, estratégico e sucumbiu só diante dos russos no inverno.

"política é de governar os homens como a maioria exige. Está aí, creio eu, a maneira de reconhecer a soberania do povo. Foi em me passando por católico que acabei com a guerra de Vendéia, me passando por muçulmano que me estabeleci no Egito, me passando por ultramontano que ganhei as pessoas na Itália. Se eu governasse um povo judeu eu restabeleceria o templo de Salomão".

Bonaparte foi deposto pelo senado francês no ano de 1814 acusado de trair a constituição.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Judeus e palestinos

Documentário sobre a guerra dos palestinos e judeus


BBC The Birth of Israel 2008 legendado from olhocosmico on Vimeo.

prosado em http://pedrodoria.com.br/

O peso da alma

Caro leitor: após o assunto de extrema seriedade que tratamos na semana passada -o novo governo de Obama e as mudanças positivas que esperamos nos EUA e, quem sabe, no Brasil- gostaria de voltar a minha e a sua atenção para assuntos mais imponderáveis.

Eis que, essa semana, quando pesquisava material para o meu novo livro (que deverá sair no ano que vem), deparei-me com uma matéria deliciosa que imagino seja do interesse de todos os leitores: o peso da alma.Pois é, a alma tem ou não um peso?

Claro está, como não estabelecemos contato com uma alma livre ou, se estabelecemos, a pergunta de cunho científico sempre fica deixada para trás perante às de cunho emocional, não temos ainda uma resposta universalmente aceita.Devo dizer, para maior esclarecimento, que nem todas as religiões acreditam em alma.

As que acreditam dificilmente atribuiriam à alma propriedades materiais, como o peso ou um campo eletromagnético. Por outro lado, visto que nós humanos podemos apenas medir aquilo que é material, ficamos limitados a esse tipo de estratégia mais metodológica. Na pior das hipóteses, se obtivermos resultados negativos, confirmaremos mais uma vez nossa incapacidade de mergulharmos nos mistérios mais profundos da existência de forma racional. Que ingênuos aqueles cientistas que acham que poderia ser diferente!

No dia 11 de Março de 1907, leitores do prestigioso jornal americano "The New York Times", depararam-se com a manchete: "Médico acredita que a alma tem peso". O doutor Duncan MacDougall, de Haverhill (EUA), conjecturou que, se a alma fosse material teria uma massa. Para provar a sua hipótese, equipou seis leitos com balanças de boa precisão e ocupou-os com pacientes que estavam à beira da morte. Seguiu-se um período de observação, durante o qual o doutor esperou pela morte de seus pacientes.

Cuidadoso, certificou-se de que a perda de peso medida já antes da morte era devida aos fluidos eliminados pelos pacientes pelo suor ou urina; após a sua evaporação, as balanças acusavam uma pequena perda de peso.

Um deles morreu após três horas e quarenta minutos. Para a surpresa do bom doutor, em alguns segundos, a balança acusou uma perda de 21,3 gramas. Seria esse o peso da alma, 21 gramas? Dos seis testes, dois tiveram que ser eliminados devido a erros nas balanças: num deles, a balança não havia sido calibrada corretamente; o outro morreu tão rápido que o médico não teve tempo de calibrá-la.

Dos outros três, dois indicaram uma perda de peso que continuou durante um bom tempo, e o último indicou uma perda de peso que depois reverteu ao normal. O doutor especulou que a partida da alma depende do temperamento da pessoa: as almas daquelas mais lentas demoram mais para abandonar o corpo.

O doutor repetiu o experimento com quinze desafortunados cachorros, não encontrando qualquer diferença no momento da morte. O resultado não o surpreendeu.

Pelo contrário, serviu de apoio à sua conclusão.Afinal, cachorros não têm almas.

Quatro anos mais tarde, o doutor MacDougall voltou às manchetes do "The New York Times". Desta vez, pretendia fotografar a alma usando o recém-descoberto raio-X. Resultados negativos foram atribuídos à agitação da substância animista no momento da morte. De qualquer forma, o doutor afirmou ter visto "a alma de doze pacientes emitir uma luz semelhante àquela vista no éter interestelar".

Pobre doutor. Provavelmente não sabia que em 1905 um jovem físico alemão de nome Albert Einstein havia demonstrado que o éter não existe.

Marcelo Glaiser
caderno Mais

Fonte: Folha de São Paulo