sábado, 25 de abril de 2009

biblioteca mundial digital da UNESCO

A Biblioteca Digital Mundial da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), permite, gratuitamente, a consulta de acervo de grandes bibliotecas e instituições culturais de inúmeros países, entre eles o Brasil.

http://www.wdl.org/

DEUS É FIEL

Futebol, contingência e o Divino

Ricardo Gondim

Sou torcedor não fanático, mas devoto, do maior e melhor time do Brasil, o Corinthians. Dedico ao Timão alguns superlativos: eficientíssimo, grandessíssimo, gloriosíssimo. Não há como negar, o meu clube é tão especial que nem os lugares-comuns distoam: “a única esquadra que não tem torcida, mas uma nação”; “exemplo de desorganização que sempre dá certo”; “quem melhor representa o espírito maloqueiro nacional”; “encarnação de perseverança e fidelidade”; “não somos uma arquibancada, mas os Gaviões da Fiel”.

Futebol tem poucas regras, não requer equipamentos sofisticados (os pobres fazem bolas estofando meias velhas) e pode ser jogado em qualquer terreno. Em seus primórdios, era tão sofisticado quanto o golfe nos dias atuais; no Brasil, apelidaram-no de futebol society porque atraia a burguesia. Hoje, mexe com o povão. Mas o que existe nele que nos enferma de paixão? Qual a mágica do jogo para extasiar multidões, de intelectuais a analfabetos?

Simples! Imprevisibilidade. No futebol, só se conhece o resultado de uma partida depois que o juiz apita o fim. A qualquer instante o impensável pode acontecer. E nem sempre o mais forte ganha. A famosa zebra existe, e vez por outra arruína com os prognósticos mais precisos. Quando duas equipes entram em campo, uma displicência pode alterar definitivamente o placar final. Se logo no início, o mais fraco marcar um gol, basta que fique na retranca, e por mais que o adversário tente não consegue reverter o escore.

Onde fica a relação do futebol com Deus? Na questão da imprevisibilidade. Deus tem ou não tudo sob controle? Se tem, o campeonato estadual, a qualificação para a próxima Copa do Mundo e o capitão que vai erguer o Caneco estão sob seu absoluto domínio. Acontece que ninguém de sã consciência concebe que oração, mandinga, sinal da cruz e despacho em encruzilhada sejam eficazes para direcionar o que acontece dentro das quatro linhas do relvado (se macumba ganhasse campeonato, o da Bahia terminaria empatado).

Exatamente! O magnífico do futebol são os acidentes de percurso. Em filosofia, acidente de percurso chama-se contingência. Contingência, portanto, é aquilo que é ou pode ser, mas não é necessário. Em outras palavras, não existe causa ou razão para que determinado evento aconteça. Um gol do Corinthians aos 48 minutos do segundo tempo, que o classificou para a final pode ter sido apenas um acaso. E nenhuma divindade, por mais poderosa e soberana que seja, necessita ser reivindicada para explicar o golaço – motivo da alegria para uma Nação, mas de infelicidade para os adversários.

Basta que se mantenha a lógica. Se em uma trivialidade, como a vitória de um time, não cabe reivindicar o controle divino, porque em outras, sim?

Não existe meio termo. Contingência esvazia a possibilidade de destino, maktube, predestinação, carma ou soberania. O contrário também é verdadeiro. Quando se aceita que Deus ordena todas as coisas e usa os acontecimentos para conduzir a história a um fim predeterminado, não existe contingência, acidente, acaso ou sorte.

Restam algumas perguntas: Os ganhadores das loterias cumprem algum propósito eterno? O médico incompetente que deixou a mulher tetraplégica agiu com o consentimento de Deus, para o seu bem? O obscuro jogador, que será guindado ao estrelato com a arrancada que fez a bola beijar o filó nos últimos segundo do jogo, foi auxiliado por um anjo? Algumas pessoas confessam o absoluto controle de Deus e ficam zangados com quem questiona suas afirmações. Não se deve discutir religião, política e futebol, apenas perguntar se tais lógicas valem para todas as esferas da vida, inclusive, as triviais.

Acredito que vivemos em um mundo contingente. Aceito que liberdade só é possível quando há acaso. Assim, não atribuo os acontecimentos que me rodeiam à vontade de Deus. Não acho que Deus, lá de cima, micro-gerencie a terra, semelhante a um títere onipotente. Discordo que Ele diga: “Isso eu deixo acontecer, porque me interessa” (vontade permissiva, no teologuês); ou: “Isso eu quero - ou não quero - que aconteça porque será importante para os meus planos – (vontade ativa).

Creio que Deus se relaciona com os seus filhos e filhas a partir de outra conexão. Para que seja possível aos humanos criar, inventar, escrever poesia, aprender a praticar justiça, é necessário que Ele consinta com a liberdade. O Deus creator convida a humanidade para ser parceira na construção da história. Javé não brinca de “faz-de-conta”.

Quando sofremos, Deus sofre. Quando nos alegramos, Deus rejubila ao nosso lado. Quando guerreamos e milhões morrem desnecessariamente, Deus perde. Quando somos bons, solidários e justos, Deus ganha.

Na próxima vitória do Corinthians, Deus vai pular de alegria comigo; sem desprezar as lágrimas dos sãopaulinos, palmeirenses e santistas.

Soli Deo Gloria

Prosado em http://pavablog.blogspot.com/

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Bispo do Paraguai é assim...


Teste vocacional errado


Uma outra mulher surgiu afirmando que o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, é o pai do seu filho. Damiana Hortensia Morán Amarilla, de 39 anos, é a terceira em pouco mais de uma semana. Seu filho tem 1 ano e quatro meses e ela trabalhava na diocese de San Pedro (400 km ao norte de Assunção), onde Lugo era bispo católico.


A primeira mãe abandonada a vir a público foi Viviana Carrilo Cañete, que tem um garoto de 2 anos, reconhecido um tanto a contragosto pelo presidente. Benigna Leguizamón, ex-funcionária da diocese de San Pedro, foi a segunda. Seu filho tem 6 anos. O presidente ainda não se pronunciou sobre os dois novos casos.

Aparentemente, contudo, o ex-bispo católico estava na profissão errada e fez bem em mudar de ramo.


terça-feira, 14 de abril de 2009

O mito de Sansão

“...por que Sansão quer repetir seguidamente o sentimento destrutivo que vivenciou algum dia, sentimento que lhe envenenou a vida desde o inicio? Em outras palavras, por que as pessoas retornam, não raro, justamente às experiências destrutivas, e repetem durante toda a vida uma série de relações deformadas e situações de fracasso que despertam os piores e nocivos sentimentos?”
David Grossman in Mel de Leão [O mito de Sansão]

Sempre ouvi a história de Sansão como o herói que é do povo hebreu. Aprendi que seu ato de heroísmo contra os filisteus foi mais uma provisão divina, provisão que se repete no velho testamento e só são um prenuncio maior de que virá o Salvador, o Messias, que alguns ainda esperam e que alguns acreditam que seja Jesus Cristo.



Acredito no Messias, no Cristo que veio para o judeus e para qualquer um que nEle Creia.

Mas aqui quero falar do livro de David Grossman, o Mel de Leão, que faz uma analise do mito de leão que como cristão nunca ouvi. A leitura do livro fez surgir em meu imaginário um novo Sansão, um mais humano,com suas inquietações e incessante buscas por uma identidade, já que uma parece ter sido roubada antes da sua concepção, uma vez que não foi lhe dada alternativa de nada senão de ser o vingador do povo hebreu contra o filisteu.

Grossman faz a interpretação de cada ato e personagem da história de sansão, nos ajudando a compreender mais a história, o seu significado para a sociedade israelense e a influência dela nos dias de hoje em que se vê um conflito com desigualdade descomunal no oriente.

Porque a leitura
Nos ajuda a compreender o personagem bíblico, com sua liberdade de agir, com sua humanidade e os seus mistérios. O autor traz uma interpretação de cada ato de Sansão fazendo com que reflitamos em questões religiosas, filosóficas e do mundo contemporâneo.


trecho

“Mas justamente na existência do Estado de Israel se revela, em épocas conturbadas, uma analogia básica com Sansão e sua força: como no caso Sansão, parece que a força militar de Israel hoje é um bem disponível que se torna um mal;… ser “possuidor de uma força poderosa”, não é na verdade uma inclinação da consciência israelense, não foi assimilada de forma natural no decorrer do desenvolvimento de várias gerações; e talvez também por isso a relação com essa força cuja conquista é acompanhada às vezes de um sentimento de verdadeiro milagre, não raro tende a deturpação."

segunda-feira, 6 de abril de 2009

As lições da transgressão

MOACYR SCLIAR escreve, às segundas-feiras, um texto de ficção baseado em notícias publicadas na Folha.
Dois casos da semana passada me chamaram a atenção e sobre os dois Scliar solta a sua imaginação.


1. Obrigado, professor

A Polícia do Rio prendeu ontem um homem acusado de, com diplomas falsos, ter trabalhado como engenheiro e professor universitário. Edson de Abreu, 44, apresentava-se como engenheiro civil formado pela UFF (Universidade Federal Fluminense), com duas especializações nos EUA. Mas, segundo a polícia, Abreu só concluiu o curso de técnico em edificações, equivalente ao ensino médio. Cotidiano, 3 de abril de 2009

QUANDO RAFAEL leu no jornal a notícia sobre a prisão do falso professor, não pôde conter uma exclamação abafada, uma exclamação na qual se misturavam a surpresa, a alegria e também a raiva. O que era explicável: ele tinha sido aluno daquele professor. E ter sido aluno do professor mudara sua vida. Isso acontecera quando ele fora reprovado numa prova. O que é, até certo ponto, um fato banal na vida de qualquer aluno, representava para Rafael uma catástrofe. Porque ele já havia sido reprovado em várias disciplinas, e o pai, impaciente, terminara por dar-lhe um ultimato: se você for reprovado mais uma vez, tiro você da universidade e você vai trabalhar. E aí viera a reprovação e o pânico. Em desespero, Rafael chegara a pensar numa medida extrema: subornar o professor. Venderia o carro e lhe ofereceria o dinheiro em troca de uma revisão da nota. Mas o homem parecia-lhe tão reto, tão austero, que não se atrevera a fazê-lo. Antes que o pai fizesse um escândalo, anunciou em casa que estava deixando os estudos. O que, ao fim e ao cabo, resultara numa bênção: a pequena empresa que criara ia de vento em popa e, apesar da crise, ele estava ganhando muito dinheiro. Um dinheiro que não ganharia jamais com um diploma

Agora vinha a espantosa revelação: o homem não era professor universitário coisa alguma. Era um enganador bem-sucedido. O que, concluiu Rafael, resultava numa lição. Não avaliável em prova, mas uma lição de qualquer modo.

2. Obrigado, carcereiro

Cerca de 40 crianças, de cinco a sete anos, estudam, desde agosto, em uma cadeia desativada em São Pedro do Iguaçu (oeste do Paraná). A única escola da comunidade foi destruída por um vendaval. Cotidiano, 3 de abril de 2009

O FILHO, de sete anos, voltou para casa furioso: agora a gente tem aula na cadeia, papai! O homem ouviu em silêncio, passou a mão na cabeça do menino, mas não disse nada. Como poderia dizer? Como poderia contar ao filho que naquela mesma cadeia -quando era cadeia de verdade- ele estivera preso, dez anos antes? Verdade que se tratava de uma transgressor menor, um furto, e que aquela era a primeira vez que ia preso; mas, para sua família, de gente pobre, mas honesta, aquilo era um desastre. Coisa que reconheceu e que o deixou profundamente deprimido.Salvou-o o carcereiro. Esse homem, ignorante, revelou-se um verdadeiro mestre. Dando-se conta da aflição do rapaz, procurou ampará-lo: veja isso como uma lição, trate de mudar sua vida, você conseguirá.

Saindo da prisão, arranjou um emprego, melhorou de vida. Casou, teve um filho, menino vivo, inteligente, que era para ele uma verdadeira realização. E agora o filho frequentava, ainda que de modo diferente, a mesma cadeia. Havia uma lição naquilo. Uma lição que não saberia, assim como o menino, traduzir em palavras candentes. Mas que era uma lição importante, ah, isso era.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Meu presidente é porreta

Obama avisou, Obama falou...



O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse nesta quinta-feira em Londres que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o "político mais popular da Terra"

Obama fez o comentário em uma roda de líderes mundiais, pouco antes do início da reunião do G20, em uma sala de conferência do Excel Center, em Londres.

Um vídeo da BBC registra a cena em que os dois se cumprimentam. Obama troca um aperto de mãos com o presidente brasileiro, olha para o primeiro-ministro da Austrália, Kevin Rudd, e diz, apontando para Lula: "Esse é o cara! Eu adoro esse cara!".

Em seguida, enquanto Lula cumprimenta Rudd, Obama diz, novamente apontando para Lula : "Esse é o político mais popular da Terra".

Rudd aproveita a deixa e diz : "O mais popular político de longo mandato".

"É porque ele é boa pinta", acrescenta Obama.
fonte BBC