quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Lula em Campinas

o discurso do Lula é música para os meus ouvidos...

"...nãoserá o presidente dos Estados Unidos! Não será o presidente da Alemanha! Não será o presidente da França! Não será a Rainha da Inglaterra... Será um metalúrgico de São Bernardo do Campo, que vai passar pra história como o Presidente que fez a maior capitalização que o capitalismo já viu... Tudo isso, porque sou Socialista!"


domingo, 22 de agosto de 2010

sobre as relações que desafiam o tempo

Um amigo me disse isso e Rubem Alves confirma com Nietzsche e Sherazade.

Para começar, uma afirmação de Nietzsche com a qual concordo inteiramente. Dizia ele: “Ao pensar sobre a possibilidade do casamento cada um deveria se fazer a seguinte pergunta: Você crê que seria capaz de conversar com prazer com esta pessoa até sua velhice?” Tudo o mais no casamento é transitório, mas as relações que desafiam o tempo são aquelas construídas sob a arte de conversar.

Sherazade sabia disso. Sabia que os casamentos baseados nos prazeres da cama são sempre decapitados pela manhã e terminam em separação, pois os prazeres do sexo se esgotam rapidamente e terminam na morte, como no filme “O Império dos Sentidos”. Por isso, quando o sexo já estava morto na cama e o amor não mais se podia dizer através dele, ela o ressuscitava pela magia da palavra: começava uma longa conversa sem fim que deveria durar mil e uma noites. O sultão se calava e escutava as suas palavras, como se fossem música.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Palavras de Montaigne

UMa crítica dessas nos dias de hoje seria pertinente, nos faria refletir (ou pelo menos deveria, olha eu pedindo coisas demais aqui...). Talvez alguns diriam; "é uma obiviedade, há muito tempo está assim", outros mais animados diriam que é o preço de ter um presidente semianalfabeto. Mas não se enganem quem escreveu isso faleceu em 1592 e viveu nada mais nada menos do que um dos períodos mais ricos em conhecimento da história da humanidade, a Renascença. O Francês (sempre eles com seus pioneirismo) Michel de Montaigne nasceu em 1533, e escreveu alguns ensaios, esste trecho a seguir deve ser de sua obra o "Pedantismo" onde discute o que é ser culto e ser sábio.

"É com satisfação que retomo o tema dos absurdos da nossa educação: sua finalidade não é nos tornar melhores e mais sábios e sim fazer de nós pessoas cultas. E esse objetivo tem sido atingido. Não somos ensinados a buscar a virtude e abraçar a sabedoria: devemos aprender a etimologia de tais palavras... Não hesitamos em perguntar: "Fulano sabe grego o latim? Ele sabe escrever em verso ou prosa?" Mas a pergunta mais importante vem por ultimo: "Ele se tornou uma pessoa melhor e mais sábia?" Devemos descobrir não quem sabe mais e sim quem sabe melhor. Nosso esforço se concentra apenas em encher a memória, e não deixamos espaço para o entendimento da vida e noção do certo e errado."

Michel de Montaigne 1533-1592

retirado do livro
As consolações da Filosofia de Alain de Botton.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

A cidade de Leônia

Lembrei desse texto quando via, pela televisão, as tristes cenas do lixo sobre a comunidade do Bumbá no Rio de Janeiro. "Ninguém pergunta para onde os lixeiros levam os seus carregamentos" e talvez o mundo inteiro esteja coberto por uma cratera de imundície, e nós ainda não soubemos a lidar com ele. a verdade é que: "quanto mais cresce em altura, maior é a ameaça de desmoronamento". Boa Leitura

A cidade de Leônia refaz a si própria todos os dias: a população acorda todas as manhãs em lençóis frescos, lava-se com sabonetes recém tirados da embalagem, veste roupões novíssimos, extrai das mais avançadas geladeiras latas ainda intatas, escutando as últimas lengalengas do último modelo de rádio.

Nas calçadas, envoltos em límpidos sacos plásticos, os restos de Leônia de ontem aguardam a carroça do lixeiro. Não só tubos retorcidos de pasta de dente, lâmpadas queimadas, jornais, recipientes, materiais de embalagem, mas também aquecedores, enciclopédias, pianos, aparelhos de jantar de porcelana: mais do que pelas coisas que todos os dias são fabricadas vendidas compradas, a opulência de Leônia se mede pelas coisas que todos os dias são jogadas fora para dar lugar às novas. Tanto que se pergunta se a verdadeira paixão de Leônia é de fato, como dizem, o prazer das coisas novas e diferentes, e não o ato de expelir, de afastar de si, expurgar uma impureza recorrente. O certo é que os lixeiros são acolhidos como anjos e a sua tarefa de remover os restos da existência do dia anterior é circundada de um respeito silencioso, como um rito que inspira a devoção, ou talvez apenas porque, uma vez que as coisas são jogadas fora, ninguém mais quer pensar nelas.

Ninguém se pergunta para onde os lixeiros levam os seus carregamentos: para fora da cidade, sem dúvida; mas todos os anos a cidade se expande e os depósitos de lixo devem recuar para mais longe; a imponência dos tributos aumenta e os impostos elevam-se, estratificam-se, estendem-se por um perímetro mais amplo. Acrescente-se que, quanto mais Leônia se supera na arte de fabricar novos materiais, mais substancioso torna-se o lixo, resistindo ao tempo, às intempéries, à fermentação e à combustão. É uma fortaleza de rebotalhos indestrutíveis que circunda Leônia, domina-a de todos os lados como uma cadeia de montanhas.

O resultado é o seguinte: quanto mais Leônia expele, mais coisas acumula; as escamas do seu passado se solidificam numa couraça impossível de se tirar; renovando-se todos os dias, a cidade conserva-se integralmente em sua única forma definitiva: a do lixo de ontem que se junta ao lixo de anteontem e de todos os dias e anos e lustros.

A imundície de Leônia pouco a pouco invadiria o mundo se o imenso depósito de lixo não fosse comprimido, do lado de lá de sua cumeeira, por depósitos de lixo de outras cidades que também repelem para longe montanhas de detritos. Talvez o mundo inteiro, além dos confins de Leônia, seja recoberto por crateras de imundície, cada uma com uma metrópole no centro em ininterrupta erupção. Os confins entre cidades desconhecidas e inimigas são bastiões infectados em que os detritos de uma e de outra escoram-se reciprocamente, superam-se, misturam-se.

Quanto mais cresce em altura, maior é a ameaça de desmoronamento: basta que um vasilhame, um pneu velho, um garrafão de vinho se precipitem do lado de Leônia e uma avalanche de sapatos desemparelhados, calendários de anos decorridos e flores secas afunda no passado que em vão tentava repelir, misturado com o das cidades limítrofes, finalmente eliminada – um cataclismo irá aplainar a sórdida cadeia montanhosa, cancelar qualquer vestígio da metrópole sempre vestida de novo. Já nas cidades vizinhas, estão prontos os rolos compressores para aplainar o solo, estender-se no novo território, alargar-se, afastar os novos depósitos de lixo.

Italo Calvino, As cidades invisíveis, 1972.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Machu Picchu



O nome do guia que nos acompanhou em Macchu Picchu é Edwin, em pé de blusa verde, disse que em maio lançaria um livro com o titulo "Machu Picchu e seus segredos" ou algo parecido. Sempre me chamava de Romário, gostei da sua atuação como guia, demonstrou ser um apaixonado pela cidade, e pelo País em que vive, que chegou a chamar de "Perusalém" fazendo referencia a capital de outra terra prometida. Hoje sabendo das chuvas em Machu Picchu espero que um milagre tenha livrado ele e muitos outros trabalhadores de Aguas Callientes e toda Machu Picchu.