quinta-feira, 30 de julho de 2009

Não esqueça as perguntas fundamentais

Vou contar para vocês uma estória. Não importa se verdadeira ou imaginada. Por vezes, para ver a verdade, é preciso sair do mundo da realidade e entrar no mundo da fantasia…

Um grupo de psicólogos se dispôs a fazer uma experiência com macacos. Colocaram cinco macacos dentro de uma jaula. No meio da jaula, uma mesa. Acima da mesa, pendendo do teto, um cacho de bananas.

Os macacos gostam de bananas. Viram a mesa. Perceberam que, subindo na mesa, alcançariam as bananas. Um dos macacos subiu na mesa para apanhar uma banana. Mas os psicólogos estavam preparados para tal eventualidade: com uma mangueira deram um banho de água fria nele. O macaco que estava sobre a mesa, ensopado, desistiu provisoriamente do seu projeto.

Passados alguns minutos, voltou o desejo de comer bananas. Outro macaco resolveu comer bananas. Mas, ao subir na mesa, outro banho de água fria. Depois de o banho se repetir por quatro vezes, os macacos concluíram que havia uma relação causal entre subir na mesa e o banho de água fria. Como o medo da água fria era maior que o desejo de comer bananas, resolveram que o macaco que tentasse subir na mesa levaria uma surra. Quando um macaco subia na mesa, antes do banho de água fria, os outros lhe aplicavam a surra merecida.

Aí os psicólogos retiraram da jaula um macaco e colocaram no seu lugar um outro macaco que nada sabia dos banhos de água fria. Ele se comportou como qualquer macaco. Foi subir na mesa para comer as bananas. Mas, antes que o fizesse, os outros quatro lhe aplicaram a surra prescrita. Sem nada entender e passada a dor da surra, voltou a querer comer a banana e subiu na mesa. Nova surra. Depois da quarta surra, ele concluiu: nessa jaula, macaco que sobe na mesa apanha. Adotou, então, a sabedoria cristalizada pelos políticos humanos que diz: se você não pode derrotá-los, junte-se a eles.

Os psicólogos retiraram então um outro macaco e o substituíram por outro. A mesma coisa aconteceu. Os três macacos originais mais o último macaco, que nada sabia da origem e função da surra, lhe aplicaram a sova de praxe. Este último macaco também aprendeu que, naquela jaula, quem subia na mesa apanhava.

E assim continuaram os psicólogos a substituir os macacos originais por macacos novos, até que na jaula só ficaram macacos que nada sabiam sobre o banho de água fria. Mas, a despeito disso, eles continuavam a surrar os macacos que subiam na mesa.

Se perguntássemos aos macacos a razão das surras, eles responderiam: é assim porque é assim. Nessa jaula, macaco que sobe na mesa apanha… Haviam se esquecido completamente das bananas e nada sabiam sobre os banhos. Só pensavam na mesa proibida.

Vamos brincar de “fazer de conta”. Imaginemos que as escolas sejam as jaulas e que nós estejamos dentro delas… Por favor, não se ofenda, é só faz-de-conta, fantasia, para ajudar o pensamento. Nosso desejo original é comer bananas. Mas já nos esquecemos delas. Há, nas escolas, uma infinidade de coisas e procedimentos cristalizados pela rotina, pela burocracia, pelas repetições, pelos melhoramentos. À semelhança dos macacos, aprendemos que é assim que são as escolas. E nem fazemos perguntas sobre o sentido daquelas coisas e procedimentos para a educação das crianças. Vou dar alguns exemplos.

Primeiro, a arquitetura das escolas. Todas as escolas têm corredores e salas de aula. As salas servem para separar as crianças em grupos, segregando-as umas das outras. Por que é assim? Tem de ser assim? Haverá uma outra forma de organizar o espaço, que permita interação e cooperação entre crianças de idades diferentes, tal como acontece na vida? A escola não deveria imitar a vida?

Programas. Um programa é uma organização de saberes numa determinada sequência. Quem determinou que esses são os saberes e que eles devem ser aprendidos na ordem prescrita? Que uso fazem as crianças desses saberes na sua vida de cada dia? As crianças escolheriam esses saberes? Os programas servem igualmente para crianças que vivem nas praias de Alagoas, nas favelas das cidades, nas montanhas de Minas, nas florestas da Amazônia, nas cidadezinhas do interior?

Os programas são dados em unidades de tempo chamadas “aulas”. As aulas têm horários definidos. Ao final, toca-se uma campainha. A criança tem de parar de pensar o que estava pensando e passar a pensar o que o programa diz que deve ser pensado naquele tempo. O pensamento obedece às ordens das campainhas? Por que é necessário que todas as crianças pensem as mesmas coisas, na mesma hora, no mesmo ritmo? As crianças são todas iguais? O objetivo da escola é fazer com que as crianças sejam todas iguais?

A questão é fazer as perguntas fundamentais: por que é assim? Para que serve isso? Poderia ser de outra forma? Temo que, como os macacos, concentrados no cuidado com a mesa, acabemos por nos esquecer das bananas…

Rubem Alves

prosado em http://rubemalves.wordpress.com/

quarta-feira, 29 de julho de 2009

O Pequeno Príncipe

No ano da França no Brasil não poderia faltar um livro Francês. E por que não começar com o Best-seller candidatas a miss universo?

Importante para resgatar princípios, a fabula trata das coisas invisíveis que são mais importantes paraa os homens, mas que eles esqueceram.

Trecho

“Os homens não tem mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo já pronto nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não tem mais amigos. Se tu queres uma amigo, cativa-me!”


O Pequeno Príncipe
Antonie Saint-Exupery

Crônica de uma morte anunciada

Antes de mergulhar no Cem anos de Solidão ou arriscaria o Cien años de soledad? (Vamos ver como estarei no Espanhol daqui alguns meses.)
Decidi ler Crônica de uma morte anunciada, do Gabriel Garcia Marquez. Indicação de uma mineirinha que conheci Buenos Aires. O livro é a reconstituição com as falas dos personagens que cercavam Santiago Nasar que fora morto por dois irmãos.
Crônica de uma morte anunciada
Gabriel Garcia Marquez

Simulacro e poder : uma analise da mídia


É um convite a ver televisão de uma nova maneira, de uma forma mais critica (ou mesmo não ver mais televisão)

Trechos...
"Os que julgam que 1984 se refere aos regimes totalitários tornaram-se incapazes de perceber que nos chamados países democráticos os procedimentos orwellianos são usados cotidianamente, diante de nossos olhos e ouvidos, não apenas enquanto ouvintes, telespectadores e leitores, mas de maneira mais assustadora quando somos protagonistas daquilo que o “formador de opnião” ( o jornalista no rádio, na televisão e na imprensa) descreve e narra que nada tem a ver com o acontecimento ou o fato de que fomos testemunhas diretas ou participantes diretos "

Sobre a Opinião publica...

"Esta, em seus indícios liberais, era definida como a expressão, no espaço publico, de uma reflexão individual ou coletiva sobre uma questão controvertida e concernente ao interesse ou ao direito de uma classe social, de um grupo ou mesmo da maioria. A opinião publica era um juízo emitido em publico sobre uma questão relativa á vida política, era uma reflexão feita em publico e por isso definia-se como uso público da razão e como direito a liberdade de pensamento e de expressão.

É sintomático que, hoje se fale em “sondagem de opinião”. Com efeito, a palavra sondagem indica que não se procura a expressão publica racional de interesses ou direitos e sim que se vai buscar um findo silencioso, um fundo não formado e não refletido, isto é que se procura fazer à tona o não pensado, que existe sob a forma de sentimentos e emoções, de preferências, gostos, aversões e predileções, como se os fatos e os acontecimentos da vida social e política pudessem vir a se exprimi pelos sentimentos pessoais. Em Lugar de opinião pública, tem-se a manifestação publica de sentimentos. "

Simulacro e poder : uma analise da mídia Marilena Chauí

A Invenção da Solidão


Um pouco triste, o livro é fruto da reflexão sobre a relação que o autor teve com o seu pai; a reflexão parte do momento em que o autor descobre que o pai é um fantasma, no sentido de que existiu sem viver na vida do filho e muito menos deixou vestígios materiais ou mesmos afetivos. A morte é o ponto inicial da reflexão. Na segunda parte do livro o autor trata sobre diversas solidões, das quais a qual me chama mais a atenção é a do profeta Jonas já barriga do peixe.
Trecho
“Se, enquanto estava vivo, eu andava sempre em busca dele, sempre tentando encontrar o pai que não estava presente, agora que ele está morto ainda tenho a sensação de que devo continuar à sua procura. A morte não mudou nada. A única diferença é que meu tempo se esgotou.”

A Invenção da Solidão
Paul Auster

Mussum

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Millor Fernandes no Twitter

Se puderem, sigam-no

http://twitter.com/millorfernandes

"O maior erro de Noé foi não ter matado as duas baratas que entraram na arca."
Millor Fernandes

domingo, 12 de julho de 2009

Sobre a leitura

O pensamento é tentar compreender antes de morrer. E se a morte não fosse certa não precisaríamos compreender.
Fernando Savater.



Vale a visita
http://www.savater.org/
e vale a leitura do livro Ética para meu filho.

sábado, 4 de julho de 2009

Marguerite Yourcenar

“O verdadeiro lugar de nascimento é aquele em que lançamos pela primeira vez um olhar inteligente sobre nós mesmos (...)”

Marguerite Yourcenar

Cartão de Natal enviado pela juíza Marilena Soares a João Guilherme Estrella no natal de 1996 no filme Meu nome não é Johnny.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Um site só de boas noticia...

Um site só de boas noticia...

O mundo ta pior e as coberturas jornalísticas melhoraram, ou pioraram, né? A verdade é que o bom senso não me permite ficar por mais de alguns minutos em frente a uma televisão assistindo um telejornal. O nosso mundo, digo as nossas relações pessoais, pode melhorar se nós nos alimentarmos de outras coisas que não seja noticias ruins, relato de violência, morte, crianças abandonadas, pedofilia, seqüestros, vitimas de bala perdida, CHEGA!!!

Não é medida de livro de auto-ajuda, só é uma constatação de que uma manhã pode ser melhor se eu iniciar um dia sem saber dos mortos em acidente de transito da noite anterior, ou dos feridos na tentativa de assalto a um caixa eletrônico; qualquer refeição pode ser melhor ingerida sem ouvir o choro de um pai pelo seu filho morto por uma bala perdida ou sem saber que crianças são espancadas por adultos.

Não é também alienação, o que acontece é que a tecnologia possibilita hoje o instantâneo, o que era noticia ontem, hoje não é. Todos os dias os mesmos crimes se repetem, só mudando os personagens, novas vitimas e novos agressores. E sabem quem é a maior vitima? Nós que ligamos a televisão e somos recebidos por uma enxurrada de informações sem ao menos poder decidir o que sentir ou refletir sobre o que acontece porque o ancora, repórter ou ator é mais um animador de auditório, um profissional do entretenimento do que um jornalista, eles são pagos para não nos deixar refletir, pensar, sentir. Senta no Sofá um dia e perceba isso, vem tudo pronto, o fato, o sentimento, a solução e pronto, a gente compra um pacote que não pediu.

Enfim, moro num mundo injusto e violento e me importo com isso, tô nele né? Tem coisa que dá pra resolver aqui, tem coisa que não dá, tá perdido, mas quero o meu direito de reflexão, direito de sentimento, ou mesmo o direito de não sentir nada pela manhã e ir trabalhar mesmo assim, quero o direito de receber uma noticia e não isso que fazem na televisão.

Tá dado o recado. E segue um link de um portal de noticias boas

http://www.asboasnovas.com/home